Tribunal de Justiça do Rio absolve os 23 de todas as acusações

Por Repórter Popular RJ

Nesta terça-feira, dia 19, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, em sessão de julgamento sobre o caso dos 23 presos políticos de 2013, decidiu de forma unânime (3 votos a 0) pela absolvição de todos os envolvidos nas acusações – que continham absurdos como corrupção de menores e formação de quadrilha.

A perseguição aos 23 começou a partir dos protestos de 2013 e 2014 contra o aumento das passagens de ônibus e posteriormente em defesa da educação e da saúde e contra as remoções em função da realização da Copa do Mundo de 2014, e ocorreram em diversas partes da cidade do Rio de Janeiro, contando com milhares de participantes. O que ocorreu, de fato, foi a escolha de alguns bodes expiatórios por parte do estado do RJ para culpar por toda a insatisfação popular que permeava aquelas manifestações. Os 23 eram pessoas que participavam assiduamente dos atos na época.

Sabemos bem que as manifestações de 2013 e 2014 não tinham uma direção formal decidindo os próximos passos, mas sim uma articulação entre diversos movimentos sociais e indivíduos que organizavam as manifestações, que eram duramente reprimidas pela polícia em função do grande evento que acontecia na cidade, e cujas imagens de violência e violações de direitos marcavam os noticiários.

A mídia burguesa encontrou na construção sistemática da imagem dos 23 como líderes da tática de resistência à repressão que ficou conhecida como Black Bloc um contraponto às imagens de insatisfação popular generalizada e violência policial brutal que vinham sendo obrigados a veicular desde 2013, e apostou na tática de destruição da imagem pessoal e política dessas pessoas, que simplesmente participavam de manifestações populares e reivindicavam direitos sociais.

Por todo esse tempo em que perdurou o julgamento, os 23, além de passagens por delegacias e celas, eram proibidos de participar de manifestações, eram difamados em rede nacional rotineiramente, e eram vítimas de uma série de restrições de direitos políticos que transformaram completamente a vida de todos os envolvidos. Durante esse contexto, um dos ativistas faleceu, sem ter a chance de ver sua absolvição.

Manifestantes começavam a se concentrar na frente do TJ-RJ, às 13 horas deste dia 19, quando, após 10 anos de restrições de direitos, difamação, prisões e perseguições, uma sessão de cerca de 20 minutos foi o suficiente para que o judiciário do RJ reconhecesse todos os 23 militantes como inocentes das absurdas acusações das quais vinham sendo vítimas. A pergunta que cabe agora é: haverá indenizações e compensações por todo o dano causado a essas vítimas de perseguição do estado, ou ficará por isso mesmo?