Trabalhadores da educação na luta por vida digna em Volta Redonda

Por Repórter Popular – RJ

No dia 15/10/2021 Neto, o prefeito de Volta Redonda, anunciou numa live junto à secretária de educação do município, Terezinha, um abono no valor de R$ 5 mil para cada matrícula de professor da rede municipal. Dinheiro que é proveniente do FUNDEB e que por não ter sido gasto ao longo do ano pode ser utilizado para tal função justa e de real merecimento por parte dos professores, que ao longo de 2020 e 2021 enfrentaram e enfrentam uma jornada de trabalho opressiva, tendo sua privacidade invadida pelo ensino remoto, além de ter que arcar com os custos da modalidade num momento que o custo da luz e de aparelhos eletrônicos dispara.

No entanto, o prefeito e sua secretária ao garantir o valor apenas para os professores da rede passam duas mensagens: a primeira de que dão menos valor as demais categorias. Mesmo que sejam essenciais ao funcionamento da escola: porteiro, auxiliar educacional, agente escolar, merendeira, servente, secretariado…. a lista de trabalhadores que permitem a educação pública de qualidade existir é grande; a segunda de que buscam dividir para conquistar e não por acaso dias depois de anunciar o abono apenas para o professorado anuncia o fim do rodízio de estudantes com nova extensão do tempo das aulas, claramente buscando com que professores não lutem contra essa medida de risco por medo de perder o abono.

O que não contavam Neto e sua secretária é que a luta dos trabalhadores da educação não pode ser tão facilmente calada e em assembleia do SEPE encaminhou-se uma meia paralisação neste dia 28/10/2021 com ato para a praça da prefeitura.

Já sabemos de antemão o que dirá o governo, que foi um movimento minoritário e que tirou o brilho da ação que fizeram, que todos deveriam estar felizes pelos professores. No entanto para os que estiveram presentes torna-se claro que a manifestação foi grande e cheia de energia, com a reivindicação sendo a garantia de um direito de abono que diante do aumento de preços é uma forma de tais trabalhadores sofrerem menos para pagar contas e botar comida em casa. Trabalhadores esses que passaram o ano de 2020 e os primeiros meses de 2021 indo semanalmente à escola colocando suas vidas e de suas famílias em risco, que foram essenciais para garantir que a educação básica de Volta Redonda seguisse de pé e que, portanto, são merecedores também deste direito.

Uma comissão formada pelos trabalhadores que estiveram na praça buscaram se reunir com o prefeito que ainda estava em horário de almoço às 14h30 e mesmo com o movimento tomando a praça até depois das 16h00 não retornou. Assim a comissão foi para a SME buscar ser recebida pela secretária de educação que em reunião reclamou do movimento, se dizendo triste pela ação e que não tem dinheiro para garantir o direito do abono aos demais trabalhadores. Argumentou que com as regras do FUNDEB apenas 30% de seu orçamento pode ser utilizado para tal finalidade e para realização de obras ou compra de materiais, funções que consumiram a totalidade do valor. Porém, não houve apresentação dessas contas e nem de alternativas. Razões pelas quais o movimento de luta não pode se dar por convencido ou satisfeito, o não pagamento de abono aos trabalhadores da educação é uma escolha política e não uma imposição orçamentária, apenas o avanço da luta irá reverter a situação.

É necessário ainda que o movimento avance na pauta e incorpore as reivindicações do PCCS, ajuste salarial com garantia de salário digno, pagamento de FUNDEB a todos trabalhadores da educação, jornadas de trabalho de 30h e contra a Reforma Administrativa! O abono deve ser começo e não fim da luta.

Dia 04/11/2021 haverá nova assembleia e a participação de toda a categoria é essencial para novos encaminhamentos de luta que arranquem o que é de direito!

“Não sou professor, mas eu também tenho meu valor!”

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