Thrillers no cinema: o que (não) assistir

Das várias nomenclaturas de gêneros fílmicos – e como sempre meio ruins de classificar –, o thriller é uma delas, e faz parte das predileções deste colunista. Thriller é, em síntese, um filme de suspense policial. São exemplos de ótimos thrillers: O silêncio dos inocentes (1991), de Jonathan Demme; Veludo azul (1986), de David Lynch – este às vezes classificado mais como noir que thriller; Sicario (2015), de Dennis Villeneuve.

Poderia citar outros vários, mas por ora está bem. Todos estes tem uma investigação, um desenvolvimento que às vezes tende mais ao suspense, às vezes mais à ação policial, e todos criam uma tensão do início até o desfecho. Villeneuve é um grande diretor de thrillers, tendo em sua filmografia os bons filmes Os suspeitos e O homem duplicado (2013), além de Incêndios (2010), ótimo filme que o lançou e o tornou famoso, não sendo exatamente um filme deste gênero, mas que se assemelha.

Parece que a origem do gênero remonta à nouvelle vague francesa, e também à nova hollywood, mas isto não importa muito para nosso interesse aqui. Onde os fracos não têm vez (2007) é um excelente filme, pra mim o melhor dos irmãos Coen, e é um thriller diferente, com ares de velho oeste, mas é thriller e dos bons.

Tudo isto para dizer que tive o desprazer de assistir a dois péssimos thrillers recentemente na Netflix, cujo catálogo de filmes, aliás, é sofrível. Fuja é uma tentativa disso, embora tenha muitos aspectos de um suspense mesmo, quase terror. Livrai nos do mal é regular, um thriller que também tem os dois pés no suspense, e que trabalha muito com o sobrenatural do exorcismo. Mas o pior de todos é Sombra lunar (2019), de Jim Mickle. Que filme bem ruim. Uma história cuja sinopse é interessante, mas seu desenrolar narrativo é péssimo: uma investigação de um serial killer que desemboca numa ficção científica sem explicação. O tempo passa, o personagem vai enlouquecendo tentando provar a realidade que ninguém vê, apensa ele – nada mais clichê que isso – e ao final, numa pieguice sentimental barata e nada coesa com o desenrolar do filme, temos uma das cenas mais patéticas do cinema no século 21.

Thriller é um grande gênero. Na minha opinião, ele depende do cinema de Hitchcock, que era não era o “mestre do suspense” à toa. Existem bons diretores desse tipo de filme, creio que em especial o Villeneuve, mas também, como tudo, há muita coisa ruim. Desejo sorte a vocês na escolha do filme.

Rodrigo Mendes