O povo de Jujuy: Argentina nas ruas

Uma onda de protestos tomou conta de San Salvador de Jujuy, no norte da Argentina, devido a uma mudança na legislação da Constituição Provincial. O governador Gerardo Morales sancionou um artigo autoritário que proíbe a ocupação de espaços públicos e bloqueio de estradas e ruas para fins de protesto e expressão das pessoas e organizações. Essa medida repressiva desencadeou revoltas e resultou em confrontos violentos com a polícia, deixando até o momento mais de 170 feridos e várias pessoas detidas.

Por Repórter Popular RS

Desde o último final de semana, 17 de junho, uma onda de protestos eclodiu na cidade de San Salvador de Jujuy (norte da Argentina). Os protestos se fortaleceram por conta de uma mudança na legislação da Constituição Provincial. Um parênteses: na Argentina, as províncias (equivalentes aos Estados da República Federal no Brasil) têm uma constituição própria e certa independência, mas não podem excluir certos princípios gerais de uma constituição federal.

Numa medida autoritária, Gerardo Morales (governador da Província) provoca as condições para uma revolta digna da população. Ele sancionou um artigo que proíbe ocupação de espaços públicos, assim como bloqueio de estradas e ruas por fins de protesto e/ou expressão das pessoas e organizações. A medida vai claramente na direção de criar medidas de repressão, proibir e desarticular as pessoas e sua organização em espaços públicos, coletivos: organizações de trabalhadores, coletividades, expressões da cultura na rua,  outras formas coletivas de viver e lutar.

Após essa medida uma série de revoltas e protestos tomaram as ruas da província e há muita violência policial. Até agora, e onde conseguimos chegar, conta-se 170 feridos, um deles muito grave, e várias pessoas presas. Trabalhadoras e trabalhadores organizados, ativistas de direitos humanos e outras organizações estão envolvidas e outras sendo convocadas a se envolver.

Da parte de manifestantes, houveram reações esperadas diante do clima de perspectiva e legitimação da violência policial. Houve a ocupação de escritórios e salas da Legislatura, de espaços político partidário onde a Constituição Provincial está sendo discutida.

No noticiário argentino, o que mais tem se falado é da troca troca de farpas no Twitter entre Morales e Alberto Fernández (presidente da Argentina), jogando o bastão um pro outro – “de quem é a culpa pela repressão?”, ” é legítimo ou não se manifestar?”, “o que é inconstitucional” e aí vai.

A posição de Fernández tem base na garantia da Constituição da Argentina, defendendo o direito à organização e ao protesto. No entanto, é preciso falar sobre as organizações indígenas, de povos originários, de comunidades locais e de trabalhadoras/es, notícias e relatos como que vimos no ELAOPA (em breve serão publicadas aqui entrevistas com participantes do encontro)!

Essas pessoas e movimentos vêm travando lutas em diversas cidades e cantos da América Latina. Uma luta contra a destruição  de seus locais e formas de morada, de sustento. E também da nossa vida coletiva e social. Estas vão sendo impedidas e eliminadas cada vez mais pela construção de novas estradas, cidades, extração de matérias primas de forma violenta (hidrelétricas, por ex.), formam indústrias e processos de trabalho explorado. Essas “novas coisas” pouco contribuem para a continuidade, a melhoria e o bem-estar das pessoas. Pouco resolve a produção e distribuição dos recursos na vida social. Nesse jogo, será que eles vão se trocar farpas?

Confira esse e outros vídeos produzidos e divulgados aqui:

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