Movimento comunitário repudia privatização da pedreira do Morro Santana
Foto destacada: Joel Heck
Na tarde de 07 de outubro, entidades do movimento comunitário do Morro Santana, contando com coletivos apoiadores externos e de grupos vinculados à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) publicaram nota contrária a “privatização da pedreira do Morro Santana”. A nota foi lançada após declarações do vereador do Cidadania Jessé Sangalli no programa Pampa Debates, defendendo a “exploração econômica e racional do Morro Santana” e “oferecer para o empreendedor” a possibilidade de projetos turísticos na área da pedreira como “Skyglass”, “tirolesa” e até mesmo “restaurante panorâmico.” De acordo com o vereador, o Morro Santana “hoje se encontra infelizmente abandonado”.
“Aqui pulsa vida” – rebate a comunidade
A comunidade rebate, alegando que “ele só acha que o morro está abandonado porque não enxerga os pobres”. A nota afirma que “a pedreira é nossa, das moradoras e moradores do Morro Santana” e ainda que a pedreira “é um símbolo de Porto Alegre”. Em dias ensolarados, é comum que moradores organizem trilhas no Morro Santana, que tradicionalmente se encerram com um por do sol na pedreira. Além disso, diariamente o local costuma ser utilizado para fins religiosos e espirituais: “aqui pulsa vida, corre sangue, suor, solidariedade e união, que a ganância do capital não é capaz de enxergar”, afirma a nota.
Na terça-feira (05), horas antes de participar do programa de televisão, moradores do Morro Santana flagraram o vereador Jessé Sangalli e sua comitiva circulando pelas ruas da comunidade: “esteve no morro junto com outros engravatados e passou reto por moradores da comunidade, sem cumprimentar ninguém nem dar satisfação da sua visita”. A foto que recebemos mostra o vereador e mais quatro homens sem máscara. O vereador também postou um story no Instagram divulgando a visita.
Leia a nota na íntegra:
NÃO À PRIVATIZAÇÃO DA PEDREIRA. O MORRO É NOSSO!
No programa Pampa Debates do dia 05/10/2021 o vereador Jessé Sangalli (Cidadania) defendeu a entrega da pedreira do Morro Santana para empreendimentos privados, já que segundo ele o morro está “abandonado” (não iremos divulgar o vídeo para não dar palanque, mas está disponível no YouTube para quem quiser acessar).
Após seu sonho frustrado de passar asfalto por cima do Morro da Av. Ipiranga até Viamão, seu novo delírio é construir um restaurante panorâmico na pedreira, incluindo tirolesas e “skyglass”. No mesmo dia, o vereador esteve no morro junto com outros engravatados e passou reto por moradores da comunidade, sem cumprimentar ninguém nem dar satisfação da sua visita.
Jessé tem medo de pisar nas vilas para ouvir o que os moradores pensam a respeito, está sempre vendo o morro de cima com seus vôos de paramotor. Ele só acha que o morro está abandonado porque não enxerga os pobres, está cego pelo dinheiro da especulação imobiliária que quer nos varrer pra cada vez mais longe.
A pedreira é nossa, das moradoras e moradores do Morro Santana! É um símbolo de Porto Alegre que mostra que nossa cidade só se desenvolve às custas da exploração do povo trabalhador e da destruição do ambiente. O Morro não está abandonado, aqui pulsa vida, corre sangue, suor, solidariedade e união, que a ganância do capital não é capaz de enxergar.
Morro Santana, Porto Alegre. 07/10/2021
Assinam:
– Africanamente – Escola De Capoeira Angola
– AMOVIPA – Associação dos Moradores da Vila Protásio Alves
– Associação de Moradores da Vila Tijuca
– A Voz do Morro
– Beabah – Bibliotecas Comunitárias do RS
– Centro de Educação Ambiental Marli Medeiros
– Cirandar – Centro de Integração de Redes
– Coletivo Catarse
– COLEP – Coletivo Pela Educação Popular
– Coletivo Mães da Periferia
– Coletivo Visão Periférica
– Resistência Popular Comunitária
– Preserve Morro Santana (UFRGS)
– DAEF – Diretório Acadêmico dos Estudantes de Física (UFRGS)
– UVAIA – Uma Visão Agronômica com Ideal Agroecológico (UFRGS)
– GEACB – Grupo de Estudos Americanista Cipriano Barata
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