Moulin Rouge, de Baz Luhrmann (2001)

Nota: peço desculpas às e aos leitores da coluna, pois esta devia ter ido ao ar na quinta passada. Por motivos pessoais, esta segue hoje.

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            Dos musicais que já vi, de longe Moulin Rouge é o melhor. E é engraçado, pois quando assisti ao filme, no início estava meio contrariado, pensava que seria desperdício de tempo. Ledo engano. Moulin Rouge é um musical que se passa na virada do século 19 para o 20, em Paris, no cabaré que empresta seu nome ao longa. Ali dançarinas/prostitutas são violentadas – aparentemente não – pelos homens endinheirados. O centro do cabaré é Satine (Nicole Kidman), e o enredo se desenvolverá a partir de um amor improvável, a luta por ele contra o poder do dinheiro, e no meio disso tudo a arte como fator de liberdade num mundo incipientemente capitalista.

            O início do filme é frenético e causa no espectador a sensação de delírio e confusão mental que o protagonista, Christian (Ewan McGregor), jovem escritor, presencia ao conhecer o Moulin Rouge. A montagem, a música e as cores que a direção de arte do filme habilmente compôs o cenário, causam essa sensação, com cortes rápidos, movimentos bruscos de câmera, muita movimentação em cena e uma música que não acaba.

            O longa não é inteiramente cantado, o que acho um acerto. As partes musicais são específicas – há bastante, mas em momentos oportunos, sempre para traduzir ou elevar um sentimento ou opinião em determinada cena. Na luta entre o amor verdadeiro e o dinheiro que financiará o projeto de transformar o cabaré em teatro, o amor que dá luz à arte briga até o final, numa linda e trágica cena.

               O desfecho do longa é metalinguístico, colocando o papel da arte no centro da composição fílmica. O uso das cores nesse final, que simula as cenas iniciais, porém colorido, simboliza um desfecho positivo na trajetória do protagonista, que se consagrará escrevendo sobre amor e arte, dois ideais dos jovens do então presente.

               Um belo filme.

Rodrigo Mendes