MAIS QUE UM JOGO | Quem faz o futebol gigante é o povo

Quando divulgada a tabela de jogos do Gauchão 2019, o primeiro GreNal do ano estava marcado para o dia 17 de março, às 17h na Arena do Grêmio. No dia 06 de fevereiro, o clássico, a ser disputado pela 10º rodada do campeonato, foi antecipado para o dia 16 de março, às 19h na Arena. Menos de uma semana depois, a a Federação Gaúcha de Futebol (FGF) alterou novamente a data do jogo, retornando para o dia 17 de março, desta vez às 19h. O motivo, alegou a Federação através de nota, é que a alteração se deu em virtude da solicitação da emissora detentora dos direitos de transmissão (Rede Globo).
O troca-troca de horários e datas de jogos (principalmente um jogo com a relevância do GreNal) é uma falta de respeito com torcedoras e torcedores por diferentes razões. Há muito tempo são as empresas de comunicação que determinam o horário das partidas, desconsiderando fatores como segurança do torcedor, logística, adequação ao calendário extenuante do próprio clube, etc. – lembremos do recente movimento “jogo às 10h não”. A atitude da FGF, ineficiente e incapaz de manter uma postura frente à “detentora dos direitos de transmissão” torna-se ainda mais insultuosa quando lembramos que, de todos os campeonatos disputados pelo Grêmio durante o ano, é o Gauchão o que tem os ingressos mais acessíveis, levando um público majoritariamente familiar ao estádio. O controle do horário de jogos e por parte da mídia faz com que muitos jogos sejam realizados em horários absurdos para que a torcida (que ainda consegue pagar o preço do ingresso) possa se fazer presente, seja por deslocamento ou segurança.
Práticas como essa reafirmam a acelerada e já profunda mercantilização  do futebol, no qual os interesses de empresas privadas – transmissoras, patrocinadoras – somados a federações e confederações submissas e, muitas vezes, corruptas, ditam o rumo do esporte, transformando o que sempre foi lazer popular em mais uma ferramenta de lucro. Quando as federações acatam pedidos de transmissoras de televisão, esquecem que quem faz o futebol ser o que ele é – gigante – é o povo.
Movimento Grêmio Antifascista