Dia 30 de março, segundo o relato de uma trabalhadora da empresa Lazari que pefere não ser identificada, cerca de 60 funcionárias foram colocadas dentro de uma sala e avisadas de que seriam demitidas. O fato ocorreu em Sapucaia do Sul RS, município que fica nas margens da linha do trem de Porto Alegre em direção a Novo Hamburgo. A Lazari presta serviço ao município de forma terceirizada na limpeza das escolas e suas funcionárias contam que todo final de mês vem junto a ameaça de não receberem em dia nem os salários, nem os vales transporte e alimentação aos quais têm direito.
A empresa Lazari e o governo de Sapucaia do Sul que regula a terceirização não respeitaram as necessidades básicas, nem os cuidados sanitários mínimos em tempos de pandemia. Expondo as funcionárias de forma física e psicológica neste período onde todas e todos deveriam ter renda garantida.
Dia 9 de abril, no pátio da Secretaria Municipal de Educação de Cachoeirinha RS, também na região metropolitana, um grupo de trabalhadoras da mesma empresa se reuniram para cobrar o atraso do pagamento de salários e vale alimentação. A Lazari tem um quadro de mais de 100 empregadas com carteira assinada no município, atuando na cozinha e limpeza de escolas e na limpeza da administração geral. A secretária do município não aceitou receber uma funcionária junto com o apoio do sindicato dos municipários de Cachoeirinha. As trabalhadoras terceirizadas dizem ter contas a pagar, gastos com filhos e alimentação, aluguel da casa pra algumas famílias. O atraso frequente de salários é motivo de uma vida precária e com os custos no limite da sobrevivência e da dignidade.
Desde que as aulas foram suspensas pela ameaça da pandemia do coronavírus as terceirizadas da educação voltaram pra casa junto com as municipárias, com direito a licença remunerada sem prejuízo de renda e vale alimentação. Os repasses do governo pra empresa não foram suspensos. Agora as trabalhadoras não sabem como vai ser o dia de amanhã e foram punidas pela empresa no feriado de páscoa pela falta do salário e a incerteza do emprego.
Depois de mais de 5 horas de pressão na Smed de Cachoeirinha RS o grupo foi ignorado pela secretária de educação e finalmente atendido por uma supervisora da Lazari que se deslocou para o local pela pressão criada. A representante da empresa informou que o salário seria pago em duas vezes, a primeira parcela na quinta dia 9 de abril e a outra na semana que vem, sem uma data definida. O que pode ser considerado mais uma medida abusiva, porque a empresa tem recebido as verbas do município pra sua gestão da folha de pagamento.
A prefeitura já foi notificada mais de quatro vezes sobre as irregularidades. Há registro de que a empresa atrasou salários logo no primeiro mês após a licitação do final de 2017. Uma extensa ficha corrida de fraudes trabalhistas que se combinam com promessas do governo para punir esses abusos que nunca se cumprem. A prefeitura deveria responder e dar satisfações de uma política de terceirizações que autoriza o abuso dos patrões sobre empregados e precariza o serviço público com contratos sujeitos aos negócios de políticos e empresários.
Como a reportagem apurou, não há um escritório físico da Lazari na região metropolitana de Porto Alegre, apesar de seus contratos com muitos órgãos públicos e municípios dessa referência. Lazari Serviços de Gestão de Mão de Obra Ltda comunica seu endereço na web pela rua Bento Gonçalves, 1510 no centro da cidade de Montenegro RS, há um pouco mais que 60km de Porto Alegre. É uma empresa de propriedade da família Feron: Tiago e Maria Ines Feron da Rosa.