O Repórter Popular chega ao fim desta série de quatro textos detalhando e analisando, pisando e repisando o chão das lutas nos caminhos possíveis diante do tema das reformas do ensino nesses tempos de crise, ajuste fiscal, repressão e ataque a direitos. Quem assina a série é Ethon Fonseca, professor de filosofia na rede estadual do Rio Grande do Sul há quinze anos e militante da Resistência Popular. Para ler o início desta série, clique aqui.
Parte 4 de 4 – Final
Como se constrói e estuda para organizar, em prontidão, ter sacadas, se unificam lutas para a própria realização, em Escola
Quando precisamos converter tipos de conhecimento, ou dar a luz a uma “matéria do futuro” – como junto a plenárias e coletivos, não desconsiderando ou agredindo experiências e reflexões diversas, como de Educação Jovens e Adultos (EJA), de Educação Especial, técnico-profissionalizante, de quilombolas, indígenas e do campo – entre colegas de outras matérias que fazem parte da nossa Formação para muito além de reconfigurarem (ou “espremerem”) grades curriculares, não é plausível excluirmos instituições ou instâncias relevantes no acionamento de direitos, como acadêmicas ou escolares: se nos inclinamos a âmbitos populares, por isso não desentendemos os âmbitos administrativos, e políticos, como relevantes às nossas formações – e para além das múltiplas influências de hierarquias governamentais.
Pelo contrário: nos unimos defensivamente, também cuidando de impactos dos anos de Ensino Fundamental sobre nossas séries de Ensino Médio – mais uma das pautas que a BNCC reivindica, pretendendo instruir, por hora através da generosidade do papel que aceita tudo, mas para depois efetivar os acertos “políticos”, e mais altamente clientelistas, que notadamente configuram este “pacote pedalado” (com direito à “curiosidade” de uma homologação parcial)… para um “novo” Ensino Médio (de natureza bastante estranha aos nossos mais relevantes serviços escolares, mas nada estranha a interesses de “estratégia empresarial”) que Sartori está para novamente apoiar (se não descaradamente puxar…) com a assinatura da Portaria 649.
Uma boa elaboração de fases de transição na escolarização já reduziria desinteresse, evasão e reprovação, contornando rupturas mais dramáticas na construção do conhecimento e no desenvolvimento do sujeito aprendente (fala-se em passagem bem trabalhada de Educação Infantil para o primeiro ano do Ensino Fundamental; depois do 5º ano para o 6º ano, e finalmente do 9º para o Ensino Médio). Pensar num país continental com mais da metade dos municípios contando com uma única Escola de Ensino Médio já dá uma ideia da importância e diversidade da questão por planejamento sério, e não atropelador da própria força, resolutiva e operacional, nas Unidades de ensino – já tão comumente destituída de condições adequadas de funcionamento.
Se questões semelhantes eram metodologia, preocupações do Conselho Nacional de Educação, ante o fatiamento expressamente mercadológico do sistema de ensino, em meio ao seu sucateamento, suas práticas ficam insustentáveis. É natural que os ecos destas demandas pareçam tão “tênues” quanto um de vitórias apenas “audíveis” em formulações teóricas e conceituais “de Lei”. Mais que admiravelmente pensar duas ou três vezes por ano a todo esse âmbito societário (mas quiçá junto a – cada vez menos numerosos – colegas e concursandos), tocaria-nos ganhar às ruas e ao menos outras tantas vezes em maior número, demonstrando saberes por somar, aos exemplos dos atos curriculares, por exemplo, àqueles de ações diretas e sindicais.
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