SP | Trabalhadores/as de São Paulo precisam combater o aparelhismo da direção do Sinpeem e aprofundar a luta contra o Sampaprev

A greve dos professores da cidade de São Paulo vem tomando proporções enormes. Paralisados desde 8 de março, o movimento contra o projeto de lei nᵒ 621/2016, que cria o Sampaprev – iniciado na antiga gestão Haddad e que prevê a transferência da previdência dos servidores municipais para uma instituição privada, levando ainda ao aumento dos descontos salariais de 11% para até 19% – passou por uma grande repressão na semana passada, dia 14/03/18, mas demonstrou vigor e resistência impressionante da categoria, que levou cerca de 100 mil trabalhadores e trabalhadoras para a assembleia que ocorreu no dia seguinte, aprovando, assim, a continuidade da greve.

Esse projeto, agora levado a cabo pelo atual prefeito da cidade de São Paulo, João Dória, não é um episódio isolado dos ataques à classe trabalhadora e a população pobre da maior cidade do país. Trata-se de mais um do conjunto de ataques do prefeito, que passa pelo corte de verbas na educação municipal, como o fechamento de laboratórios de informática, salas de leitura, fim do programa leve-leite e transporte escolar gratuitos – fora isso, também vemos em outras áreas o fechamento de AMAs, corte do orçamento destinado ao combate às enchentes, retirada de cobradores dos transportes coletivos, cortes e extinção de linhas de ônibus importantes da cidade.

Tudo isso ainda se relaciona com os ataques do governo federal, com a aprovação do congelamento de verbas destinadas às áreas sociais (como a PEC do Fim do Mundo, que congelou por 20 anos os investimentos em Saúde e Educação) e a Reforma da Previdência, ambos aprovados em anos anteriores, bem como as privatizações. A reforma previdenciária no município de São Paulo é uma demonstração de força, um laboratório na maior cidade do país (assim como a intervenção militar no Rio de Janeiro) para que a reforma em nível federal seja também aplicada após as eleições de 2018.

Para que isso ocorra, são gastos bilhões de reais do dinheiro público em propagandas, compra de votos, além da anistia de dívidas astronômicas das grandes empresas. Frente a todos esses ataques, é mais que necessário que haja uma luta ampla, que some os diversos setores da sociedade em defesa dos serviços públicos, assim como uma grande greve unificada dos servidores municipais contra o Sampaprev. Muitas categorias, como as dos/as trabalhadores/as da saúde e serviço social, já estão aderindo ao movimento, participando do último ato, nesta sexta-feira, 23, que levou centenas de milhares de pessoas à Avenida Paulista.

Porém, ao invés de cumprir o seu papel e organizar os trabalhadores rumo a radicalização do movimento e a vitória, com a derrubada da privatização da previdência, Cláudio Fonseca, presidente do Sinpeem (Sindicato dos Professores e Profissionais da Educação Municipal de São Paulo), já demonstra sinais de recuo, com discurso de enfraquecimento das ações regionais de base e de conciliação com o governo.

Não podemos nos esquecer que o maior sindicato entre os profissionais do município está nas mãos de um vereador da base do prefeito João Dória na Câmara Municipal e, no momento de massificação da luta, se aproveita da estrutura burocratizada do sindicato e da centralização das falas para silenciar a oposição e negligenciar o ímpeto de luta das bases.

Esta prática burocrática, que inclusive já se utilizou da fraude em assembleias, pode levar a derrota da categoria, com a aceitação até mesmo do chamado “projeto mais brando” mencionado por vereadores em cima do carro de som do sindicato, algo que beira o absurdo à independência e autonomia dos trabalhadores.

É preciso vencer a burocracia sindical e o oportunismo de políticos interessados nas próximas eleições para garantir a vitória – que é a revogação do Sampaprev. Construir as políticas e estratégias do movimento desde suas bases, nos locais de trabalho, com os comandos de greve de toda a cidade se articulando em suas ações e levando suas posições às assembleias. Mobilizar as comunidades contra todos os ataques em um amplo movimento. Romper o imobilismo e a conciliação empregados, inclusive, pelas grandes centrais sindicais, que já traíram a luta dos trabalhadores!

TOMEMOS AS RUAS! É com a força da nossa classe que podemos garantir nossos direitos conquistados historicamente nas lutas, passar por cima da burocracia sindical e vencer o projeto Sampaprev e, com isso, construir o poder popular necessário para que transformemos a realidade política, econômica e social que tire o poder dos banqueiros e empresários e o coloque nas mãos do povo.