Se reconheça em mim.

Opinião de Viq Ayres / Resistência Popular – PE

Meu nome é Viq Ayres, sou uma pessoa não-binária transmasculina e pernambucana. Hoje, dia 24 de novembro de 2022, tive acesso à minha primeira ampola de Deposteron, vulgo testosterona.

Consegui ela através do Ambulatório LGBT Patricia Gomes, da Policlínica Lessa de Andrade, em Recife-PE. Pra quem não sabe, esse ano houve um aumento exponencial no preço da testosterona nas farmácias, inviabilizando o acesso de muitas pessoas trans a esse tratamento que, antes de tudo, proporciona um bem estar psicológico e social ligado ao nosso corpo.

Sobre esse aumento e suas possíveis causas ligadas à atual gestão nacional do executivo, a pensadora Angie Sai discorre um pouco nesse texto aqui.

Construo espaços libertários e de organização de bairro na minha cidade e desde então, reflito sobre tudo que pode ser feito e almejado para que pessoas como eu, dissidentes de gênero e sexualidade, sintam-se pertencentes à luta pelo bem-estar coletivo, por uma vida mais justa e próspera. A dignidade coletiva passa também pelas  conquistas dentro das nossas demandas especificas.

O meio libertário precisa com urgência conhecer, aprofundar e tomar para si a luta dos grupos tidos como minoritários, a luta do movimento transfeminista, do movimento indígena, do movimento interssexo e de tantos outros corpos tidos como abjetos e desumanizados, privados de sua autonomia. Garantir o acesso gratuito à hormonização é uma das muitas lutas do movimento trans, é algo que tem que ser preocupação de toda e cada pessoa que esteja construindo o bem comum.

Tudo pode e deve ser preocupação de todes.