No estádio de futebol os ânimos ficam exaltados, as emoções ficam à flor da pele e, muitas vezes, o preconceito contra as ditas minorias ganha força – por parte de torcedores ou jogadores. Quando estão vencem, se sentem motivados a “ofender” o rival com gritos de “puto” ou “viado”; quando estão perdendo, também encontram nestes termos uma forma de descontar a raiva através de xingamentos que colocam determinada orientação sexual como algo ruim ou digna de ser menosprezada.
Recentemente, o jogador Felipe Bastos, do Vasco da Gama, comemorou uma vitória em cima do Fluminense chamando-o de “time de viado”. A torcida do Fluminense, indignada com a ofensa, exigiu um pedido de desculpas. Apesar de ter acontecido, o fato é que o pedido de desculpas foi dirigido aos torcedores e jogadores do Fluminense, e não aos homossexuais, que são as pessoas que REALMENTE foram ofendidas. Por que a orientação sexual de uma pessoa seria uma ofensa? A LGBTfobia está tão intrínseca na sociedade que não levamos em conta que somos o país que mais mata LGBTs, que não existe uma lei sequer que proteja essas pessoas de morrerem apenas por serem quem são.
Pensando pelo lado dos jogadores, é notável que há raríssimos casos em que os homossexuais são assumidos, justamente por causa do ambiente hostil do esporte e, principalmente do futebol, a partir de uma crença de que é um esporte de “macho”. Os inúmeros casos de homofobia sofridos pelo jogador Richarlyson* (atualmente atleta do Noroeste-SP) provam isso. Em declarações, ele disse: “O que me deixa intrigado sobre essa questão de manifestações homofóbicas dentro do futebol é que quer dizer que se o cara for gay, ele não pode jogar? Por que não pode jogar? É isso que eu não consigo entender. Fico sem saber o porquê. Tento explicar, mas ao mesmo tempo eu nem sei porque estou explicando algo que é inexplicável”. O atacante francês Giroud** também se pronunciou sobre: apoiador da causa LGBT, lembrou o caso do alemão Hitzlsperger, que foi criticado por se declarar gay em 2014, apontando a dificuldade de se declarar homossexual no futebol.
Ainda há muito que se fazer nos estádios, no campo e nas ruas para que as pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transsexuais tenham os mesmos direitos de torcer em paz para o seu time e de praticarem o esporte que amam. A primeira torcida LGBT no Brasil foi a nossa Coligay, na década de 70, em plena ditadura. Essa tinha que se fazer respeitável ou sofria ataques homofóbicos. Hoje em dia, em 2019, infelizmente não avançamos muito, dado que essa temática ainda é alvo de ofensas para os rivais e, inclusive, para muitos torcedores gremistas que têm vergonha dessa parte da nossa história. Nós, do Grêmio Antifascista temos muito orgulho da Coligay… E além de orgulho, nos inspiramos na força e na coragem desses LGBTs. A Coligay de hoje resiste!
*https://esportefera.com.br/…/
**https://brasil.elpais.com/…/
Movimento Grêmio Antifascista