No dia nacional de mobilização em defesa da educação e dos/as trabalhadores/as, um protesto organizado pelo Sindicato dos Profissionais em Educação do Município de Maricá (Sineduc) tomou as ruas da cidade. O ato foi deliberado na última assembleia sindical da categoria e se concentrou às 10h na Praça do Turismo (centro de Maricá).
Os/as educadores/as do município reclamam que este ano houve uma grande piora das condições de trabalho e da infraestrutura nas escolas municipais. Pais e mães também estiveram presentes, denunciando inúmeros problemas, como a falta de mediadores escolares, a piora na alimentação escolar e as salas de aula completamente superlotadas. Em algumas escolas, a “solução” adotada é o aluguel de containers para servirem como sala de aula, o que é amplamente questionado pelo sindicato, por questões financeiras (aluguéis altíssimos e duvidosos) e educativas (estrutura inadequada).
Os profissionais ainda denunciam a falta de profissionais de apoio, mediadores e merendeiras escolares. Em alguns casos, há apenas seis merendeiras para preparar a merenda escolar de mais de mil alunos. O problema das trabalhadoras terceirizadas também foi amplamente denunciado. Os baixos salários dessas profissionais, os atrasos nos pagamentos e a sobrecarga são as principais causas de reclamação. As empresas que contratam essas profissionais hiperexploram essas profissionais e pagam baixa remuneração. Além disso, muitas profissionais não compareceram ao ato, com medo de serem perseguidas por suas respectivas empresas. Os trabalhadores e trabalhadoras terceirizados/as também não recebem o auxílio-mumbuca, que é uma conquista dos profissionais da educação, que podem usar a moeda local para sua alimentação. Esta também foi outra demanda do protesto.
O ato teve uma boa adesão da categoria que também fez uma paralisação de 24h. O Repórter Popular – Maricá contabilizou mais de 100 profissionais presentes na concentração. Os professores também denunciaram no microfone, que apesar de ter dois anos para se planejar, a prefeitura optou pela piora nas condições de educação, o que afeta o rendimento e a formação educacional dos alunos.
“Algumas escolas fecharam suas bibliotecas para aumentar o número de salas de aula e há turmas com 45 alunos presentes. Numa cidade que tem como patrono Paulo Freire, as condições de trabalho deveriam envergonhar a prefeitura de Maricá. Não há como educar com qualidade, trabalhando com essas condições”, disse um professor que não quis se identificar.
As mães também denunciam que há muitos casos de alunos especiais sem o devido acompanhamento da mediação escolar. “Faltam mediadores escolares e a secretária está há meses prometendo resolver a situação”, citou uma das integrantes da manifestação.
Às 11h o ato marchou da Praça do Turismo (centro de Maricá) para a sede da prefeitura e depois de muita insistência, uma comissão foi recebida por parte da equipe da Secretaria de Educação. A secretaria prometeu a construção de dez escolas até o final do ano, a convocação de concursados/as e a troca da empresa onde trabalham as terceirizadas.
No fim do protesto, muitos profissionais apontaram que essas medidas são insuficientes para resolver os problemas estruturais da educação maricaense e que seguirão se mobilizando para conquistas as demandas exigidas. A categoria da educação municipal de Maricá promete lutar por educação digna e não parece que irá acreditar em novas promessas da secretária de educação Adriana Costa.
Por dignidade no local de trabalho e por educação de qualidade, os/as educadores/as maricaenses estão alertas e em luta.