Professores e educadores ensinam como lutar e enfrentam a burocracia sindical no Congresso de Educação do Sinpeem

Por Repórter Popular – SP

Entre os dias 18 e 21 de outubro, no Palácio das Convenções do Anhembi, em São Paulo, ocorreu o 31.° Congresso do Sinpeem (Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo). Este é o sindicato com maior representação entre os educadores do município e por consequência um dos maiores com representação entre os funcionários públicos da cidade. Embora com o tema “Educação e Democracia” e após um hiato de 2 anos sem a realização desse evento anual (devido à pandemia), que chega a receber mais de 4.000 filiados, o evento demonstrou a continuidade da despolitização das pautas sindicais, políticas e econômicas, que deveriam ser discutidas, e da manobra da burocracia sindical.

Além de não realizarem um balanço das duas greves realizadas no período pandêmico pela categoria e pelo funcionalismo público municipal (uma greve sanitária e outra contra o confisco dos salários pela reforma na previdência no projeto que ficou conhecido como Samprev 2, além da luta contra a retirada de direitos desses trabalhadores), o congresso é recheado de atividades culturais, comerciais e formações, restando pouco tempo para a plenária que deveria discutir as pautas políticas de seus associados.

O presidente do sindicato, Claudio Fonseca, já é conhecido por se perpetuar em sua posição, construindo uma participação engessada e antidemocrática no sindicato, além de negociar e rifar pautas nas greves dos educadores e do funcionalismo público da cidade. O partido que ele é associado, Cidadania, nesse ano, apoia o candidato à eleição Tarsício de Freitas (Republicanos), o que já mostra sua tendência para pautas conservadoras que visam acabar com a carreira do funcionalismo público. Uma parte de sua oposição também tem se descolado das bases ao não questionar tais estruturas antidemocráticas nesses anos, contribuindo para o distanciamento dos trabalhadores para que ocupem e disputem os sindicatos.

Mesmo assim, trabalhadoras e trabalhadores que estiveram no evento, reunidos a partir de órgãos construídos durante essas últimas lutas (os Comandos de Greve Regionais) organizaram atos que intervieram com frases contra a burocracia sindical e que pediam uma participação democrática na plenária. Além disso, as intervenções almejavam direito de espaço para os filhos dos associados, a defesa dos trabalhadores terceirizados e principalmente a construção de um plano de lutas, construído a partir da base e com pautas e um calendário real para mobilizações e ações. A diretoria do sindicato retomou as práticas habituais de autoritarismo e de censura das vozes e de propostas alternativas e combativas.

Apesar disso, as trabalhadoras e os trabalhadores da educação se mantiveram firmes e abriram espaço junto à categoria. Posteriormente, realizaram uma “contraplenária” em espaço aberto, para quem quisesse participar e verdadeiramente democrática. Essas reuniões e encontros foram somados à criação de faixas e cartões para intervenções em diversos espaços. Muitos dos trabalhadores, ainda não organizados em tendências sindicais, partidos ou correntes, ou mesmo nos comandos de greve, se sentiram contemplados e foram se somando nas ações, que também tinham o objetivo pedagógico do construir e do aprendizado na própria ação. Muitos destes fizeram falas que mostravam seus interesses nesse formato de luta e na transformação dos sindicatos e nesses espaços em organismos de luta e transformação.