por Repórter Popular RS
Nas últimas semanas uma série de denúncias tem sido postadas nas redes sociais de motoristas autônomos que fazem a logística terceirizada da ArcelorMittal, em particular na unidade do Rio das Pedras, interior de São Paulo. O Repórter Popular acompanhou denúncias e levantou alguns elementos para tratar da precarização do trabalho nesse contexto.
Os motoristas que carregam aço nos galpões da empresa ArcelorMittal na unidade Rio das Pedras, no interior de São Paulo, têm denunciado e questionado as péssimas condições em que ficam esperando o carregamento dos caminhões.
A ArcelorMittal Rio das Pedras, tem sido apelidada pelos motoristas como “Rio das Trevas”. Ao priorizar certos padrões de segurança e criar normas rígidas, gera imensas dificuldades aos motoristas terceirizados que transportam o aço da empresa. Alguns motoristas atuam em empresas de logística e transporte, enquanto outros têm seus próprios caminhões e prestam serviço à essa unidade.
Segundo constam informações obtidas, os motoristas ficam em uma situação bastante delicada no processo de carregamento dos caminhões. Por um lado, não podem ficar na cabine, tampouco conseguem sair do espaço da empresa.
Esses trabalhadores têm que ficar aguardando dentro da sala de espera da unidade, local que tem algumas poucas cadeiras, uma TV e um bebedouro. Os carregamentos demoram muito. Ouvimos relatos de motoristas que ficam presos por 24 horas ou até mais, a partir do momento que entram dentro da empresa e têm que esperar no pátio interno ou na sala. A partir disso, o procedimento é aguardar o início de carga e todo o tempo de carregamento nessa sala insalubre.
Esse tempo na sala de espera impossibilita qualquer condição de descanso para os motoristas, que logo depois precisam seguir viagem. Independente do tempo de carga, mesmo que dure 24 horas, a empresa não permite que o motorista acesse o seu veículo. Os motoristas às vezes chegam a pegar pedaços de papelão, colocam no chão da sala de espera e usam cobertores pra dormir, sem banheiros adequados para banho e outros confortos, “uma situação humilhante e indigna”, como algumas denúncias apontam.
A ArcellorMittal é um poderoso grupo multinacional de produção de aço e mineração. Surge em 2006 a partir da fusão de duas grandes empresas do setor, a antiga Mittal Steel (do indiano Lakshmi Mittal) e Arcelor (um conjunto de antigas empresas da Espanha, França e Luxemburgo).
Atualmente, o grupo opera negócios em 160 países e é um dos líderes mundiais do setor. Só no Brasil, produz 12,5 milhões de toneladas no ano, tendo plantas industriais em 6 estados (Bahia, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo), produzindo aço para a indústria automobilística, eletrodomésticos, agronegócio, construção civil e naval distribuída em todo país.
Até a presente data, os motoristas têm se manifestado através de denúncias em diversas postagens da empresa no Instagram, em postagens pessoais, e também têm feito reclamações num site da empresa destinado a isso (ReclameAqui). Não ouvimos menções a uma tentativa de organização e paralisação de trabalhadores, embora a situação seja insalubre e revoltante.
