Por Repórter Popular
Esta terça-feira (18/10) foi marcada por manifestações em todo o país em repúdio às ameaças de cortes na educação pública por parte do governo de Jair Bolsonaro (PL). No final do mês passado, o Governo Federal anunciou o bloqueio de mais de R$ 1 bilhão no orçamento da Educação, dentre os quais R$ 328 milhões seriam de instituições de ensino superior. Após pressão popular, o Governo voltou atrás, mas segundo diversas entidades federais, o cenário segue grave.
Em nota pública antes da reversão dos cortes, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior – Andifes afirmou que os bloqueios colocam em risco todo o funcionamento das universidades, praticamente esgotando a possibilidade de pagamento dos seus funcionários. A situação vem se agravando de ano em ano desde 2015, ocasião em que o Governo Dilma (PT) cortou, ao longo de todo ano, R$ 10,6 bilhões da pasta. Desde então, o orçamento só vem sendo reduzido de ano a ano, especialmente durante o Governo Bolsonaro.
Este é o cenário catastrófico que culminou nas manifestações que tomaram o país nesta terça. Estudantes do ensino superior, do ensino médio e de pré-vestibulares populares, trabalhadores da educação superior e da rede básica, diversos sindicatos da categoria, bem como defensores da pauta como um todo tomaram, as ruas para denunciar mais esse ataque da política neoliberal à educação e á ciência.
Enquanto mais de R$ 44 bilhões já foram gastos, por meio do Orçamento Secreto, no favorecimento de interesses espúrios do Governo Federal junto ao Congresso, os cortes de investimentos são feitos nas áreas mais essenciais ao povo, como é o caso da Educação. E mesmo com a reversão dos cortes, a situação segue longe de ser resolvida, dada a sucessão progressiva de desmonte e reduções no orçamento, somada à ameaça latente aos serviços públicos, a exemplo da manutenção do Teto de Investimentos (Emenda Constitucional 95) e da Reforma Administrativa (PEC 32/2020), encabeçada pelo deputado federal e atual presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP).
Os protestos que tomaram o país, mesmo depois do governo ter anunciado desbloquear as verbas, deram o exemplo de que somente a luta popular organizada e nas ruas é capaz de defender os direitos do povo e barrar as investidas neoliberais.
Veja como foram as manifestações em algumas cidades do país, com vídeos ao final de algumas intervenções.
Maceió
Na capital alagoana, cerca de duas mil pessoas integraram o ato. Com centenas de faixas, cartazes e bandeiras, o protesto teve concentração na Praça Centenário, no bairro do Farol, e seguiu em caminhada pelo Centro de Maceió.
A Universidade Federal de Alagoas (UFAL) chegou a efetuar um parecer técnico alertando sobre a gravidade do endividamento causado pelo corte. O reitor, inclusive, declarou que o desfalque poderia comprometer a abertura do ano letivo em 2023.
Curitiba
Em Curitiba, o ato se concentrou na Praça Rui Barbosa no período das 17h às 18h30, local e horário em que há grande circulação de trabalhadores pegando ônibus retornando às suas casas. De lá, seguiu pelas ruas até o Campus Curitiba do Instituto Federal do Paraná (IFPR), passando também pela Sede Centro da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), onde também retornou e se dispersou, por volta das 19h40.
Reuniram-se centenas de pessoas, principalmente estudantes da UFPR, UTFPR, faculdades privadas e secundaristas, mas também a militância da Resistência Popular Estudantil, d’A Outra Campanha, da União da Juventude Comunista (UJC), da Unidade Popular (UP), do coletivo Outros Outubros Virão, do Alicerce, d’O Povo pelo Povo, entre outros, entoando gritos de “Para barrar a precarização, greve geral da educação”, “A nossa luta é todo dia, educação não é mercadoria”, “É só a luta radical que muda a situação, greve geral de ocupação”, “Avante juventude, a luta é o que muda, o resto só ilude”, “É greve de ocupação, contra o sucateamento e a privatização”, e outros.
Rio de Janeiro
O ato na capital fluminense reuniu milhares de pessoas, que marcharam da Candelária até a Praça da Cinelândia, no Centro do Rio. Estiveram presentes diversos setores do movimento estudantil, vários sindicatos de trabalhadores da educação, estudantes da rede superior, da rede básica e de pré-vestibulares populares, bem como trabalhadores no geral.
Localmente, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) informou que mesmo com os desbloqueios, o orçamento real de 2022 segue sendo a metade do de 2015. Trata-se de apenas um exemplo da precarização em que as instituições de ensino vêm se afundando.
Volta Redonda (RJ)
No polo industrial de Volta Redonda, em que se localiza um dos campus da Universidade Federal Fluminense, cerca de 300 pessoas se reuniram na Praça Juarez Antunes e caminharam até a Praça Brasil, na região central da cidade. Estiveram presentes movimentos sociais e vários setores do movimento estudantil. As intervenções do agrupamento libertário Resistência Popular Estudantil foram destaque nas rodadas do microfone (confira o vídeo ao final).
Florianópolis
Em Florianópolis, cerca de duas mil pessoas tomaram as ruas em defesa das universidades públicas, adotando também outras pautas para além do repúdio aos cortes na educação, como a luta contra a Reforma Administrativa e pelo Fora Bolsonaro. O ato foi puxado principalmente pelo movimento estudantil da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e do Instituto Federal (IFSC), tendo contado também com a participação de sindicatos e partidos.
Joinville (SC)
Em Joinville, o ato foi chamado na Praça da Bandeira em frente ao terminal do Centro, ás 17h30, com várias organizações de esquerda presentes. O protesto contou com falas das organizações pautando aquilo que desde 2018 os estudantes estão lutando contra: o desmonte na educação promovido por Bolsonaro.
Ao final das falas, os manifestantes caminharam juntos com gritos como “Fora Bolsonaro, Genocia!” e “Trabalhador, presta atenção, o Bolsonaro tá do lado do patrão!”, até a faculdade Bom Jesus IELUSC, para denunciar a demissão de uma professora, antropóloga que fez tweets em sua rede social privada criticando a direita e o bolsonarismo da cidade. Os manifestantes ocuparam a faculdade aos gritos de “Oh IELUSC, presta atenção, os estudantes não aceitam repressão” e “Maria Elisa sim, ele não!”, demonstrando o apoio à professora e se solidarizando.
Belo Horizonte
Em Belo Horizonte, o protesto caminhou da Praça Afonso Arino, onde fica a Faculdade de Direito da UFMG, até a Praça da Estação, com protagonismo de movimentos estudantis e centro acadêmicos. A convocação foi feira pela União Nacional dos Estudantes (UNE) e acatada pela Associação dos Professores Universitários de Belo Horizonte (APUBH), que declarou greve para o dia, sendo suspensas as atividades institucionais em prol do ato.
São Paulo
Na capital paulista, a manifestação se reuniu em frente à sede da Universidade de São Paulo (USP), no Butantã, Zona Oeste da cidade, e bloqueou totalmente a Rua Alvarenga, de frente para o portão 1 da Universidade. O ato contou principalmente com estudantes, que portavam faixas e bandeiras em defesa das universidades públicas.
Bauru (SP)
O protesto em Bauru começou em frente à Câmara dos Vereadores e desceu até o Parque Vitória Régia, com os manifestantes entoando gritos contra Bolsonaro e em defesa da educação.