MAIS QUE UM JOGO | O povo quer estar em sua casa

A casa do clube do povo parece não querer mais seu povo. A conquista do setor sem cadeiras por parte da torcida que sempre desejou e lutou para ter o direito de assistir ao jogo em pé, em um setor onde a festa fosse liberada, não veio junto com a organização necessária para que a segurança dos mesmos fosse garantida. E não estamos falando da falta de segurança entre a torcida no que se refere a brigas. Estamos falando de uma organização que queira garantir o direito do torcedor de, assim como em outros setores, assistir ao jogo desde o início, sem ser mau tratado na fila, sem sofrer violência policial, sem sofrer abusos da terceirizada contratada pelo Clube, responsável pelas orientações e segurança dos torcedores, enfim, garantir a integridade de quem opta por frequentar o setor.

É notório que o isolamento do setor foi feita de forma a criar situações de risco aos torcedores e torcedoras, justificando assim as ações truculentas da Polícia Militar e possíveis punições do Ministério Público. Em todos os jogos ao se aproximar do início o portão 7 é fechado, impedindo a entrada dos torcedores, que com razão, se sentem lesados e se revoltam. A condução dos torcedores até o portão também lembra gado sendo levado ao abate, com bretes que com a grande quantidade de pessoas se tornam verdadeiros corredores de esmagamento. Neste contexto, não é correto falar que não existe organização. Ela existe, mas essa organização é voltada para dificultar cada vez mais o direito de torcer.

Curiosamente (ou não) esse modelos de gestão do acesso ao campo só acontece no portão 7, não sendo encontradas confusões em outros portões. Até mesmo a revista neste setor é feita de forma muito mais intensa. Por quê? De maneira velada, é uma forma de criminalizar a torcida e praticamente dizer que, afinal, é ali que se concentram os “bandidos” e por isso a revista precisa ser mais intensa.

O recado que querem passar é “ou se adaptam ao futebol moderno ou acabaremos com vocês”. Mas nós não podemos e não vamos nos calar, não aceitaremos abusos de autoridade tampouco que o clube deixe na mão de uma empresa terceirizada que frequentemente agride torcedores sem mais nem menos. Queremos respeito, queremos nosso direito de torcer assegurado. Todo essa política anti-torcida é reforçada pelas novas diretrizes da CONMEBOL que proíbe praticamente toda e qualquer forma de manifestação popular e espontânea não só nos estádios como fora deles. A entidade futebolística não se limitou a tentar controlar os comportamentos dentro do estádio, agora também tenta mandar no que podemos ou não fazer nas ruas, no entorno, sobrepondo até mesmo a própria constituição federal. Proibiu até mesmo a tradicional “Ruas de Fogo” que a torcida colorada realiza em jogos importantes para apoiar a equipe na chegada, ainda nas ruas dos entorno do Beira-Rio. A europeização do futebol sul-americano é um tiro no pé para os clubes, que não tem como se manter num modelo administrativo e de negócio pensado para países desenvolvidos com altas rendas per capitas. Não há possibilidade de sobrevivência do futebol sul-americano com uma libertadores que tenha sua final em jogo único, em campo neutro e que o ingresso mais barato custe R$320. No entanto, no que diz respeito ao direito de torcer e fazer, lá está melhor que aqui, onde proíbem bandeirões, sinalizadores, mosaicos 3D. Parece que na Europa já se deram conta que sem festa os estádios são teatros sem atrativos.

São necessárias ações imediatas para conter a violência e garantir a integridade dos torcedores, independente do setor e o valor que paguem no ingresso, é direito! O futebol sul-americano respira por aparelhos, o direito de torcer resiste bravamente e o povo é a linha de frente. A elitização que segrega não pode prosseguir, o futebol é do povo e o Inter também.

Frente Inter Antifascista