Por Coletiva Autônoma Estudantil (ColAE)
Estudantes de Joinville, movimentos sociais e partidos realizaram uma manifestação denunciando a redução dos horários de ônibus na cidade. O ato foi organizado pelo Centro Acadêmico Livre de História Eunaldo Verdi (Calhev) e aconteceu na segunda-feira, 2 de maio.
Muitos direitos foram retirados durante a pandemia e a pauta do transporte também não ficou de fora destes ataques. Em Joinville, moradores enfrentam a péssima qualidade do serviço de transporte coletivo, com pontos de ônibus cheios, terminais e ônibus lotados, além de uma passagem cara.
Esse problema reflete em diferentes segmentos a vida dos estudantes trabalhadores. Muitos relatam que estão chegando em casa por volta da meia noite ou uma hora da manhã, diminuindo o tempo para estudos, descanso e alimentação. Além de estarem sendo cobrados em sala de aula por precisarem sair mais cedo ou por chegarem atrasados.
João Pedro Alves é aluno do quinto ano de letras da Univille e como mora no bairro Anita Garibaldi, depende do transporte coletivo para se locomover até o campus.
“Para a ida, a situação encontrada é sair com 1h40 de antecedência do início das aulas para que se possa chegar ao local em tempo hábil, pois os horários são muito encaixados de modo sobreposto, de forma que não há margem para o atraso de um ônibus, pois acarretaria o atraso de todos e a perda do início do horário de aula. De todo modo, tais situações, quando acontecem, precisam ser contornadas com um deslocamento de caminhada de 15 a 20 min para que se possa obter a condução do transporte coletivo por outra linha, visto que as linhas que cruzam o bairro Anita Garibaldi foram reajustadas de Nova Brasília-Centro para Morro do Meio-Centro, o que afunila os passageiros em ônibus mais lotados e com menor flexibilidade de horários, igualmente”, diz.
Ainda segundo João, a volta para casa é ainda pior. “O horário de retorno, especialmente, é um risco contínuo de perder a linha Campus-Centro e fazer malabarismos com horários e rotas para não se submeter a meia hora ou uma hora de espera no terminal central pelo próximo ônibus da linha do centro em direção ao bairro”, comenta.
Durante a manifestação, estudantes ocuparam a reitoria exigindo que a mesma deixe de ignorar o problema, se posicione e procure soluções. O percurso do ato também contou com a ocupação do Diretório Acadêmico Estudantil (DCE) exigindo a mobilização do órgão referente a pauta, falas como “Cadê o DCE?” foram ditas pelos manifestantes.
Os estudantes afirmam que a pauta dos horários de ônibus é um direito mínimo que estão tendo que reivindicar, mas que a luta também é pela tarifa zero e o direito à cidade.
Em nota a um jornal da cidade as empresas Gidion e Transtusa, ao serem questionadas sobre os horários, afirmaram que os horários já voltaram ao “normal” e que está tudo regularizado. Porém não é isso que os passageiros vivem na realidade.
“Por mais que a Gidion e a Transtusa façam notas que os horários voltaram ao normal depois das alterações que eles alegam terem sido influenciadas pela pandemia e suas particularidades, enquanto não reativarem o terminal do Nova Brasília, não posso afirmar que sinto qualquer mudança positiva, apenas no sentido oposto. As mudanças têm sido sempre mais restritivas e pouco benéficas para a situação dos estudantes e trabalhadores em geral. Estive conversando com usuários do transporte público no terminal central no sábado de tarde e os relatos são sempre de sucateamento e descaso com as realidades e urgências que cada sujeito enfrenta, de modo que precisamos, todos, realinhar nossas trajetórias pessoais-profissionais para nos adequarmos ao serviço público oferecido”, conclui.