Por Frente pelo Desencarceramento – Paraná
Em live com familiares de presos, egressos e grupos como a Pastoral Carcerária, Conselhos da Comunidade, Agenda Nacional pelo Desencarceramento é lançada uma articulação anticárcere no Paraná. O evento aconteceu nesta sexta-feira, 02 de outubro, no canal do Youtube Desencarcera Brasil, e pode ser visto aqui.
A data recorda o Massacre do Carandiru, quando, há 28 anos, a Polícia Militar de São Paulo assassinou pelo menos 111 pessoas, no Pavilhão 9 da Casa de Detenção, episódio doloroso e sangrento da democracia brasileira. Desde então o Brasil tem investido e mais prisões e produzindo mais massacres, alcançando a terceira maior população carcerária, e caminha para 1 milhão de pessoas privadas de liberdade. No Paraná, são cerca de 30 mil, com um crescimento de 80%, entre os anos de 2014 e 2016, possuindo a maior concentração de mulheres encarceradas em delegacias em todo o país, segundo o relatório da Conselho da Comunidade da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba.
Essa realidade que tem como resultado direto sofrimento, dor e morte foi denunciada com falas e intervenções artísticas, como cantou Mano Cappu: “na penumbra do X sujeito homem é humilhado, obrigado a sobreviver em condições subumanas”, se referindo ao Centro de Triagem 2 de Curitiba. A situação se repete também na PEP 1, CMP e outras unidades e delegacias do estados, por isso, Cintia afirma que é importante os familiares se organizaram para denunciar e lutar pelos seus direitos e o direito dos presos, pois “acordar eles 1h da manhã com spray de pimenta, maquina de choque é tortura. E castigo coletivo é crime.”
A atividade contou com a participação de familiares que relataram as razões e a importância dessa organização que já se espalha por todo o Brasil, em diversas Frentes Estaduais. Marilene Lucas, da Frente do Paraná denunciou o tratamento dado aos presos e às famílias: “A gente vive numa sociedade totalmente hipócrita em que pede a não legalização do aborto, mas pede a pena de morte, então não dá pra entender. Ou se quer vida ou não se quer vida.” E, concluiu: “Numa sociedade de Mentira, esse governo que está aí, tá uma maravilha (…)”. Maria Tereza, da Frente pelo Desencarceramento de Minas Gerais, após ouvir sobre a situação das prisões paranaenses, observou as semelhanças com o sistema mineiro: “é tudo igual. é tudo a mesma coisa. não entrega sedex, não tem ressocialização, não cumpre a finalidade da pena. parece que a gente tá vivendo num buraco onde tudo é ruim, tudo igual, no país inteiro.” E, ainda, destacou a importância das “pessoas que estão em todas as Frentes espalhadas pelo país precisam ser abolicionistas penais, precisam ter nas suas cabeças que prisão são para ser abolidas porque aquele lugar é um lugar de morte, sofrimento e dor”.
Agenda Nacional pelo Desencarceramento é uma iniciativa popular de desencarceramento e de desmilitarização da sociedade através de 10 propostas que buscam a imediata redução da população prisional do país.
Além de familiares e sobreviventes do sistema carcerário, somam-se a esta iniciativa a Defensoria Pública do Paraná, Rede Nenhuma Vida a Menos, União Brasileira de Mulheres (UBM), Marcha Mundial das Mulheres (MMM), Conselho Regional de Serviço Social (CRESS), Pastoral Carcerária Sul 2, Conselho da Comunidade de Curitiba, Clínica de Acesso à Justiça e Educação nas Prisões (CAJEP-UFPR), Conselho Regional de Psicologia (CRP), Núcleo Periférico, Transgrupo Marcela Prado, Observatório social de Saúde nas prisões (UFPR), FECCOMPAR e pessoas da sociedade civil.
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