A urgência da luta pelo fim da violência contra a mulher e os corpos que têm útero

No mês de setembro, as ações da Campanha de Luta por Vida Digna foram dedicadas ao eixo da Luta pelo Fim da Violência contra a Mulher. Em Florianópolis, ações foram realizadas não só no marco da Campanha mas também por outras coletivas, tendo como base diferentes estratégias e dimensões que este eixo abarca.

Enquanto comitê local da Grande Florianópolis, as ações se iniciaram no final de agosto com a divulgação da primeira de uma série de cartilhas que abordam a questão da violência contra a mulher e seu enfrentamento. Considerando o aumento da violência doméstica e a reestruturação das formas de acolhimento e denúncia devidos à pandemia, as cartilhas foram produzidas com dados atualizados para o contexto. Além de informativas, elas buscam auxiliar na identificação de situações de violência, seus tipos, bem como apresentar vias de acolhimento para a vítima. A primeira e a segunda cartilhas da série já foram lançadas e mais duas serão publicadas nas próximas semanas, destrinchando ainda mais a pauta.

No dia 28 de setembro, aconteceram ações coletivas de embelezamento da cidade para um “Amanhecer Verde”, como chamado pela Frente Catarinense de Luta pela Descriminalização e Legalização do Aborto. Coletivas diversas, como Pintelute, Basuras Coletiva e Entulho Vira Latas se articularam e compartilharam diversos materiais como cartazes e faixas, para que este dia se fizesse presente nas ruas de Florianópolis e do Brasil, ações que a campanha apoiou e nas quais somou para seu fortalecimento.

Amanhecer Verde em Florianópolis.
Amanhecer Verde em Florianópolis.

As diversas violências que as mulheres sofrem, tanto estruturais quanto cotidianas, ficam cada vez mais escancaradas e vêm se aprofundando neste contexto de pandemia e de avanço do conservadorismo. São violências em ambientes domésticos e familiares. Violências em ambientes de trabalho. Violências em espaços de convivência e militância. Violências que apresentam recortes sociais e coloniais, como quando falamos da mulher negra e indígena.

Também são violências que ferem os direitos reprodutivos de todas as pessoas com útero, ao se esbarrarem com a criminalização, a impossibilidade de decidirem sobre seus corpos e a dificuldade de acesso ao direito, cada dia mais negado, de realização de um aborto. No mês em que o SUS faz aniversário e que pessoas se mobilizam pela América Latina inteira por conta do dia 28 de setembro (Dia de luta pela descriminalização e legalização do aborto na América Latina e Caribenha), essa pauta entra propondo uma reflexão quanto à sua dimensão de saúde pública.

Assim, vai se desenhando a urgência de coletivizar as discussões dentro destas pautas, que tanto também dizem respeito à vida digna comunitária.