Por Coletivo CUAPI
Ouça o depoimento de Nino, liderança Guarani, da aldeia Tekoa Yrexakã:
Os territórios indígenas estão distribuídos por todo o Brasil e sua população total até o último censo (IBGE, 2010) apontava para 817.963 pessoas declaradas indígenas. São aproximadamente 305 etnias e 274 línguas diferentes registradas. Essa diversidade de modos de vida e culturas locais demandam um direito essencial à educação escolar indígena intercultural, bilíngüe/multilíngüe e comunitária. Após a formação dentro do território a que pertencem, os indígenas podem acessar o ensino superior através de cotas ou matrícula regular nas universidades. Os dados do último Censo da Educação Superior apontam para 49. 026 indígenas matriculados em universidades.
Apesar do direito constituído à educação e políticas públicas como as cotas, o acesso à educação para os indígenas ainda é precarizado. Diversos territórios não têm sinal de internet ou, ou têm sinal de baíxissima qualidade. Os moradores das aldeias geralmente possuem poucos aparelhos celulares e boa parte desses territórios não possuem computadores, tablets ou notebooks.
Automaticamente, centenas de indígenas estão excluídos do ano letivo de 2020, devido à implantação do EaD durante a pandemia. Em alguns casos a situação é ainda pior, pois territórios recentemente retomados não possuem escolas, como é o caso de diversas aldeias. Uma delas é a aldeia Tekoa Yrexakã. Localizada em São Paulo, a aldeia possui uma obra inacabada e as escolas mais próximas da aldeia levam cerca de uma hora e trinta de caminhada. Anteriormente à pandemia, nenhum veículo de transporte era disponibilizado para deslocamento dos alunos.
Nem todos os moradores possuem um aparelho de celular, e o sinal de rede móvel funciona apenas em algumas partes da aldeia, o que inviabiliza o ensino remoto e o EaD.
É preciso que todas aldeias sejam contempladas com uma escola dentro da educação específica indígena e que o ensino EaD não seja um plano futuro de educação indígena, pois é excludente em todos os seus aspectos e não contempla toda a diversidade e princípios comunitários que a educação escolar indígena propõe. A luta por vida digna pede que a educação seja movida pela força ancestral indígena através de seus saberes e práticas em comunidade.