Repórter Popular – RS
Foto: Gabriela Felin
Na madrugada deste sábado (30), mais de 150 famílias ocuparam uma área próximo à Av. Justino Camboim, na Lomba da Palmeira, em Sapucaia do Sul, cidade na Grande Porto Alegre. Parte das famílias que constroem a ocupação estão ameaçadas por ordem de despejo, por morar em área que pertence à CEEE em Gravataí. O terreno é do Governo do Rio Grande do Sul e está destinado à programas de moradia, porém, esses projetos não foram concretizados. A exigência das famílias é que seja cumprida a função para a qual o terreno foi escolhido.
A ocupação está sendo construída ao lado de outra ocupação, chamada de Marielle Franco, que foi iniciada há seis anos.
Segundo a Frente Nacional de Luta Campo e Cidade – RS, um dos grupos que constrói a ocupação, o terreno tem capacidade para, pelo menos, 500 famílias, e está pronto para a regularização fundiária, o que não acontece por falta de vontade da Secretaria de Obras e Habitação do governo do estado. A regularização conta já com cerca de R$ 500 mil. No entanto, os recursos podem ser perdidos caso o governo gaúcho não dê andamento nos trâmites legais e não suspenda a ordem de reintegração de posse que já existe contra a Ocupação Marielle Franco – que já está próxima de conquistar a regularização mas que ainda sofre com a falta de serviços básicos como luz e água tratada.
Eu vim para a Marielle Franco porque eu não tinha mais condições de pagar aluguel. Agora, nessa nova ocupação, é uma luta com a minha família para termos um lugar para morar. Nós queremos poder pagar água e luz, com tudo certo.
A história de uma moradora da Ocupação Marielle Franco ilustra a dificuldade de muitos brasileiros e brasileiras em terem casa, mesmo com terrenos, prédios e construções destinadas à moradia popular abandonados. Seu relato é parecido com o do Seu Preto, que veio de Gravataí, onde mora há 36 anos.
Empresas começaram a se interessar pela área onde moramos e recebemos uma ordem de despejo. Aí, terminou a nossa paz. A minha e a das 10 bocas que eu tenho para sustentar. Agora, eu preciso deixar de comprar um pedaço de carne ou ossos para uma sopa para pagar advogado para evitar que eu seja jogado na rua. Ninguém está exigindo mais do que um terreno para colocar todo mundo. O que eu vou fazer com a minha família? Como vou criar meus filhos? Em baixo de um viaduto? O pobre não tem vez e não tem os mesmos direitos que um rico. Tantas áreas “de valde” abandonadas e nós não temos nada.
A nova área ocupada já tem projeto de uso social para moradias populares, pensado inicialmente para receber famílias atingidas por uma obra na margem da RS-118, região com famílias que há décadas enfrentam risco de despejo. A expectativa é de que ainda outras 400 famílias cheguem ao local.
As famílias que já ocupavam parte da região não conseguem acessar serviços básicos como as unidades de saúde, energia elétrica e saneamento básico, pois não são reconhecidas nem pelo estado nem pelo Governo Federal.
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