As redes sociais e um chamado a refletir

As redes sociais são um mundo complexo e imenso no cosmos da internet, no qual muitas/os de nós habitamos quase que cotidianamente – e a grande maioria habita quase o dia inteiro, sem descanso. Esse mundo das redes sociais era observado em seus inícios como uma oportunidade, um campo fértil de ideias a ser desbravado por um grupo privilegiado da sociedade, o qual tinha acesso à rede naquela época. No jovem e “nobre” mundo das redes sociais não existia ainda essa guerra pelo controle da nossa atenção, nem das nossas vidas, tudo era mato crescendo com “mansa ingenuidade” ante nossos olhos, ainda novos para decifrar ou ao menos tentar prever os impactos futuros. As redes sociais eram nesse momento uma ponte familiar, um elo com nosso passado, e não muito mais.

O tempo passou e as redes sociais deixaram de ser para sempre um simples espaço de encontro social, transformando-se num lucrativo e poderoso negócio para seus donos por meio da publicidade e venda de dados, uma arma potente de controle social para governos, como também uma vitrine política para grupos fascistas, que acharam nas redes um espaço sem o mínimo de controle para promover todo tipo de discursos que lhes fosse útil. Nessa bolha virtual também encontram voz os terraplanistas, antivacinas e os mais variados esquemas piramidais fantasiados de solidariedade de gênero e classe.

As redes sociais hoje são um perigo concreto, capaz de mudar até as narrativas políticas de um país ou de distorcer a história. Assim, possuem um poder devastador e é sobre isso que temos que começar a refletir, pois a pandemia trouxe como uma das tantas consequências a aceleração da era digital, e tudo o que vem com ela imerso. Tentar fazer a crítica sobre aquele mundo que deixou de ser inócuo, é essa a finalidade desta coluna, dar continuidade no debate que ainda é jovem, porém se torna cada vez mais necessário, sobre a legitimação que as redes sociais deram na pós verdade.

Ignacio Munhoz é imigrante Latinoamericano, pesquisador informal das lutas populares, amante dos chocolates e do Colo Colo. Serigrafista emergencial até novo aviso. Samba e rap fazem parte do seu equilíbrio espiritual. Colunas de opinião quinzenais sobre conjuntura Latinoamericana.