Um ato com mobilização de municipários agitou a sede da prefeitura municipal de Cachoeirinha-RS nessa quinta-feira dia 25 de maio, durante a terceira rodada de negociação da campanha salarial. A última assembléia do sindicato (SIMCA) tomou a decisão de convocar a paralisação das 11 as 14hs para fazer a luta por suas pautas com a força coletiva dos servidores. Participaram professoras e funcionárias da rede de educação, servidores da assistência social e da saúde, diversos setores de trabalho. O SIMCA deve convocar nos próximos dias mais uma assembléia pra avaliar os resultados da negociação desse dia e aprovar os próximos passos.
Campanha salarial 2023
Desde a assembléia geral do começo de março, os servidores municipais vem construindo sua campanha de valorização salarial e defesa do serviço público. Na pauta de reinvindicações tem destaque a reposição das perdas salariais dos últimos anos (36,7%) e a luta contra a precarização dos contratos; pela chamada de concursados pra completar o quadro de servidores que faltam no município. Além disso, outros setores fazem demandas cobrando uma resposta efetiva do governo: nomenclatura das educadoras de EMEI, 24 vales alimentação para quem trabalha 30hs, equiparação de técnicos e auxiliares de enfermagem.
Depois de duas rodadas de negociação, foi convocada assembléia em 17 de maio pra discutir a primeira proposta que fez o governo. Na questão salarial, se resume a pagar parcelado no ano de 2023 um percentual rebaixado de 8,62% com a promessa de mais uma fatia pra depois da eleição municipal. Não apresentou plano de recuperação das perdas acumuladas. A assembléia rejeitou tal proposta por uma maioria maciça e foi classificada por muitas trabalhadoras como abaixo do necessário pra dignidade da classe. Logo foi discutida e aprovada uma agenda de mobilização direta da categoria pra aumentar seu poder na mesa de negociação com a prefeitura.
O governo Cristian Wasen é visto como continuista da politíca do prefeito cassado Miki Breier, com origem na sua base de aliados, e aplica a mesma receita de desmonte, terceirizações e desvalorização. Os setores de trabalho reclamam que escolas e comunidade sofrem com a falta de professoras desde o começo do ano letivo. Cachoeirinha tem a maior onda de dengue da sua história, que já adoentou mais de 350 moradores e conta com uma equipe de somente 10 agentes de endemias pras ações de combate ao vetor, enquanto os concursados de 2021 não são chamados pro cargo. Além disso, alertam pra obras de escolas que estão paradas (EMEF Natálio Schlain) ou abandonadas (EMEI Central Park) e o sucateamento geral de prédios e serviços públicos que afetam as boas condições de trabalho e o atendimento da comunidade.
Debate de métodos e propostas no sindicato
A campanha salarial de 2022 foi marcada por uma negociação da direção sindical com a prefeitura que não foi discutida e avaliada pela assembléia geral que é o órgão máximo de decisão do sindicato. Em 2023 duas assembléias já aconteceram para decidir os rumos da campanha, aprovar a pauta, fazer agenda de lutas, eleger a comissão e avaliar as negociações. Há uma pressão crescente e forte que vem da base do sindicato que se manifesta nas reuniões e tem repercutido.
Durante a última assembléia, por exemplo, um grupo de professoras de uma EMEF cobrou firme uma agenda de lutas para pressionar a pauta de reivindicações e foi amplamente apoiada pelos demais colegas. No final a reunião não aceitou o que ofereceu o governo e exigiu pelo menos metade da reposição salarial que é cobrada (18,35%) e um plano de recuperação das perdas acumuladas (36,7%). Em publicação após assembléia o coletivo de municipários Nós por Nós dá sua opinião e aponta que a direção sindical tem privilegiado uma postura muito criticada de neutralidade com o governo e os seus aliados, de “não ser oposição” e de usar um discurso que é desmobilizador, que se adapta fácil ao que vem do prefeito e com isso diminuir a vontade de lutar e avançar mais.
A próxima assembléia vai ser decisiva e vai dizer como deve continuar a luta municipária em Cachoeirinha