No último domingo (19), o Ateneu Libertário A Batalha da Várzea, em Porto Alegre (RS), foi palco da troca de experiências da construção de uma educação e cultura popular feitas por bibliotecas comunitárias de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Uruguai. O objetivo era conhecer os diferentes métodos organizativos e as potencialidades criativas para criar novas subjetividades comunitárias e construir um novo mundo baseado na liberdade e igualdade.
A princípio o espaço seria tocado com relato da militância da Biblioteca Comunitária Lutador Dito, de Joinville (SC), e da Biblioteca Conquista do Pão, de Porto Alegre (RS). Porém, como a vida, a poesia e a rebeldia são compostas por surpresas, a roda contou com a militância da Biblioteca Comunitária Cina-Cina de Montevidéu, capital do Uruguai.
O espaço iniciou com a militância de Joinville, contando com relatos sobre os trabalhos organizativos da biblioteca, que aconteceram durante um longo período, mas que recebeu uma guinada em 2020, possibilitando sua abertura para a comunidade em 12 de junho de 2022. O espaço surgiu como uma necessidade para combater o aumento do custo de vida, acesso aos espaços de lazer e arte, normalmente localizado nas regiões centrais e bem distantes dos bairros periféricos, além do aumento dos preços dos livros.
Durante esta fala, também foi pontuado as questões sobre a urgência de construir uma sociabilidade pautada em laços comunitários, baseados na igualdade e liberdade, e também tornar o direito à literatura como uma barricada contra o neoliberalismo e todas suas opressões uma pauta constante.
Na sequência, a companheirada da Biblioteca Conquista do Pão falou sobre o estágio que encontra-se o espaço, que é de reorganização para retomar o atendimento à população. A biblioteca integra o Ateneu Libertária A Batalha da Várzea, o que constitui em si um ato de memória, já que o prédio é parte do histórico bairro do movimento operário do início do século passado.
Soma-se a isso, o fato da Conquista do Pão contar com um acervo potente de obras sobre o movimento operário e do anarquismo, sendo referência no Sul do país. Ou seja, quando falamos do direito à literatura como um construtor de memória, ali se faz pelo acervo, pelo prédio, pelas ruas e pela cultura do bairro.
A companheirada da Biblioteca Comunitária Cina-Cina estava presente para participar de outra atividade na capital gaúcha e aproveitou para chegar junto na atividade e narrar as ações nas estantes da banda oriental.
Cina-Cina surgiu em 2020 como um espaço para atender as crianças com distribuição de comida no contexto da pandemia, estendendo a ação para uma biblioteca aberta uma vez por semana, realizando lançamentos de livros, contação de histórias, reforço escolar e estimulando a cultura do bairro, como direito à memória, verdade e justiça em relação aos crimes cometidos na ditadura militar no Uruguai.
O momento de troca de experiência carregou de energia cada pessoa presente para retomar os trabalhos de base nas bibliotecas comunitárias, com a perspectiva de continuar a troca de informações de como organizar o acervo, métodos de autofinanciamento e fazendo a autogestão como meio para tudo e todo que envolve as barricadas de livros.
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