Assédio

A verdadeira perseguição a quem pensa diferente.

Assédio
O fim do processo eleitoral não trouxe o fim do assédio.

Atualmente, assistimos a lamentações e demonstrações ostensivas de vitimismo por parte de um setor da sociedade que não aceita o resultado do processo eleitoral. Essas pessoas, algumas processadas por crimes contra a democracia, se dizem atacadas no seu direito de livre expressão e pensamento.

Porém, enquanto esses criminosos que clamam por um golpe militar se queixam de censura e perseguição política, existem pessoas que, de fato, têm seus direitos constitucionais vilipendiados.

Em 2022, segundo dados do Ministério Público do Trabalho, foram registradas 2556 denúncias de assédio eleitoral em empresas. Número 12 vezes maior que em 2018. Isso quer dizer que os patrões praticaram, desesperadamente, crimes para forçar seus empregados a votar em seus candidatos.

No Rio Grande do Sul, cerca de quinze dias antes do primeiro turno, foram registrados 50 casos de assédio eleitoral. Em empresas dos mais diversos setores. A região da serra gaúcha, altamente influenciada pelo bolsonarismo, não fugiu desse contexto.

O problema é que o final das eleições não terminou com a prática do crime de assédio nas empresas. Existem exemplos de funcionários identificados com a esquerda que têm sido perseguidos pelos seus superiores, numa tentativa esquisita de represália.

Trazemos aqui, o depoimento de uma funcionária – eleitora da esquerda – que não quis se identificar. Ela explica como a sua posição política a levou a sofrer perseguição em seu ambiente de trabalho.

Sempre fui muito ativa nas causas sociais e políticas até o acontecido e após as eleições minha superior não conseguia aceitar o resultado então um dia a tarde ela chegou do nada exaltada pedindo se eu não tinha trabalho para fazer já que estava nas redes sociais, gostaria de salientar que uso de internet é permitido na empresa e eu mesma já havia visto colegas vendo jogos de futebol ou séries no horário de trabalho, no caso eu havia acessado o aplicativo telegram no canal de notícias apenas porém ela veio com acusações falsas que eu passava todo tempo na internet vendo segunda ela “vídeos do Lula” no momento que fui pega de surpresa questionei se meu trabalho não a estava mais agradando e ela por sua vez falou que não que meu trabalho era ótimo, então eu questionei o porque da abordagem agressiva a mim sendo que todos utilizavam da internet e então falei que discriminação por causa de posição política era crime e que pra mim aquilo tinha bastando pra mim que iria procurar outro lugar para trabalhar. Após a discussão na frente de todos meus colegas eu me recompus e terminei meu trabalho do dia pois tenho família pra criar. Após aquele dia não houve nem mais algum tipo de diálogo na empresa comigo, meus colegas me isolaram e minha chefe me ignorava, o que piorou meu quadro emocional, desde o dia não tenho mais coragem de falar de política, tenho tido crises de ansiedade e acordado várias vezes durante a noite em meio a pesadelos. Nenhum humano deveria passar pelo que eu estou passando, como se não bastasse minha superior contratou alguém para trabalhar em meu lugar enquanto ainda estou lá fazendo pressão psicológica para que eu me demita.

Me sinto emocionalmente cansada e exausta com isso. Trabalhei 4 anos nessa empresa e estou sendo descartada por não apoiar facista, nunca discuti sobre política em meu ambiente de trabalho, pelo contrário sempre me mantive neutra. Sinto que não posso nem me expressar em minhas próprias redes sociais por medo disso acontecer novamentem

 

Uma coisa é certa. O bolsonarismo não terminará com a saída de Bolsonaro da presidência. A esquerda e o movimento sindical terão muito trabalho pela frente.