Familiares de vítimas de violência policial fazem manifestação em Curitiba

Na última sexta-feira (22/10), dezenas de familiares de vítimas de violência policial e apoiadores ligados aos movimentos sociais participaram do ato “Justiça para Dalysson e todas as vítimas da violência policial”, organizado pela Rede Nenhuma Vida a Menos. A manifestação, ocorrida em frente ao Ministério Público do Paraná, fazia a memória e o pedido de justiça para o jovem Dalysson que foi assassinado pela polícia no dia 02 de setembro no bairro Parolin, e que completaria 18 anos no próximo dia 25 de outubro, bem como relembrando inúmeras outras vítimas da brutalidade policial que foram assassinadas pela Polícia Militar nos últimos anos em Curitiba e Região Metropolitana.

Do luto à luta

O ato iniciou com as falas de mães das vítimas, que expuseram a dura situação do luto e da luta por justiça, denunciando a lentidão das investigações e o caráter violento da PM nas periferias da cidade. Posteriormente, foram realizados trancaços na rua em frente ao Ministério Público, onde foram entoadas palavras de ordem como “A nossa luta é todo dia/a favela não aguenta mais chacina” e “Marielle perguntou/eu também vou perguntar/Quantos mais tem que morrer pra essa guerra acabar?”. Também foram distribuídos panfletos que traziam informações sobre a vida e os sonhos de Dalysson, bem como sobre a necessidade de organização contra a violência policial dirigida a juventude pobre e negra da cidade.

Por conta da mobilização, representantes do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO) e do Ministério Público, agendaram uma reunião com todas as famílias, para trazer informações sobre os casos e acolher demandas, se comprometendo a passar as informações detalhadas sobre o andamento das investigações dos outros casos de Curitiba e Região Metropolitana.

Ao fim do ato, foram soltados balões em homenagem a Dalysson e as demais vítimas do terrorismo do Estado.

Polícia contra o povo e as resistências das mães e familiares das vítimas

Além da violência direta cada vez mais constante, policiais também têm praticado assédios e ameaças contra moradores do Parolin, especialmente daqueles que lutam por justiça. Inclusive, moradores relataram que após o ato, dentro de suas próprias casas, houve tentativa de intimidação por parte da polícia

Nesse cenário, familiares e movimentos tem apontado para saídas coletivas de luta e solidariedade em busca de justiça e memória, que irão seguir acontecendo no próximo período. Em reunião realizada no GAECO na terça-feira (25/10), familiares entregaram documento que formaliza muitas das reivindicações da mobilização, como a implementação das câmeras corporais registrando as ações da polícia.