Do Repórter Popular – Rio de Janeiro
A concessionária Supervia, operadora do serviço público de trens no Estado do Rio de Janeiro desde 1998, sendo atualmente controlada pelo grupo empresarial japonês Mitsui, anunciou novo aumento da tarifa, indo de R$ 5,00 para R$5,90, há menos de 6 meses do último aumento. Os serviços seguem piorando como nunca, com descarrilamentos, incêndios nos trens, atrasos e superlotações nas composições.
Por ingenuidade, há quem pense que com a privatização o serviço melhora, entretanto isso não se verifica na prática. Dados da revista Exame de 2019 mostram que a empresa ficou na 170° colocação do último ranking atendimento ao consumidor da revista, que se referiu à concessionária como “a empresa mais odiada do país”. Entre as principais reclamações estão os vidros quebrados, demora na compra de bilhetes, portas emperradas, cadeiras quebradas e entre outros. Colecionando uma série de reclamações e mesmo de mortes, a empresa vem mostrando a face do capitalismo selvagem e de como o Neoliberalismo trata a classe trabalhadora.
Assim que começou o ano de 2021, a Supervia havia se pronunciado de que haveria aumento da passagem de R$4,70 para R$5,90, que entraria em vigor no mês de fevereiro. No entanto, a premissa não foi adiante, graças à força do povo indo as ruas, com protestos em frente à AGETRANSP e na Estação da Central do Brasil, panfletando com a população em diversas estações do Estado fluminense sobre este aumento abusivo. No final, conseguiu-se que a tarifa que o aumento fosse para “apenas” R$5,00, com o Estado arcando com os R$0,90 restantes. É difícil até chamar de “vitória parcial”, visto que o povo segue pagando pelo aumento de qualquer forma, em parte pela tarifa e em outra parte pelos cofres públicos.
Menos de um semestre depois, no dia 01/06/21, a Supervia anuncia novamente o aumento da tarifa que para R$5,90, prevista para 01 de julho, com a justificativa de que “A crise gerada pela pandemia do novo Coronavírus expôs o alto custo operacional e de manutenção do sistema ferroviário de passageiros fluminense, e a expectativa era que o Poder Concedente conseguisse contribuir de forma a conter à população, tal como determinado pela AGETRANSP.”
Então, a supervia querer um aumento não é para melhoramento do serviço, pelo contrário, está a serviço do capital, pouco importando-se com a população, tirando o direito das pessoas de se locomoverem, o que é um direito de todas(os). Numa democracia, o povo participa das decisões que serão tomadas, contudo isto não está sendo levado em consideração pela concessionária, com tomadas de decisões que vão de cima para baixo, sem qualquer consulta pública ou plebiscito, estabelecendo um anti-diálogo, através de meros comunicados, dizendo simplesmente que vamos aumentar a tarifa e pronto. A Agetransp, que como agência reguladora deveria mediar os interesses entre concessionária, poder público e consumidores, nada mais faz do que servir de representante das concessionárias dentro da máquina pública.
Já não é de hoje que o direito a cidade é negado à população. Tomamos como exemplo o Ramal de Belford Roxo. A circulação dos trens é de segunda a sexta e o último trem é o de 21h:40min e no, fim de semana, é o único ramal que para às 14h, e conta com parte da frota sem ar condicionado. Nesse sentido, a população dessa região precisa se locomover e o meio mais rápido é o trem — considerando o tráfego caótico da metrópole fluminense ao qual o poder público também vira as costas — e, com tantas restrições, fica difícil o acesso ao Centro da cidade carioca. O ramal Belford Roxo é conhecido por ser um dos mais precarizados, tendo, apenas 4 dias antes do anúncio do novo aumento, tido a circulação paralisada por um incêndio em um trem, que deixou três pessoas feridas.
Outra questão é a ampliação do Bilhete Único universitário, que a Supervia se nega a dar o Passe Livre, assim como para estudantes da educação básica, dificultando inclusive o acesso a cultura, porque as pessoas precisam se locomover para irem aos locais.
Vários movimentos sociais, fóruns e coletivos já estão cientes do aumento e levantando suas indignações. Em breve devem ser anunciadas mobilizações buscando lutar contra tal aumento, bem como reiterando a importância de se lutar por um transporte público universal e de qualidade.
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