Aumento da passagem de trens e barcas provoca manifestação no RJ

Manifestação na capital reúne diversos movimentos sociais. Piquete sofreu com pressão policial, mas ato ocorreu de forma pacífica.

No fim da tarde da última segunda-feira (1º), um grupo de cerca de 50 manifestantes se reuniram em frente a Agentransp, no centro do Rio de Janeiro, para protestar contra o aumento das tarifas de barcas e trens. Grupos diversos de estudantes e trabalhadores da oposição (MOB, FIST, UJR, Correnteza, PT e militantes autônomos) seguiram em marcha até a Centra do Brasil.

A manifestação contou com aparato policial desproporcional, apesar do ato seguir de forma pacífica, muitos manifestantes foram revistados e a tensão psicológica era grande. Dezenas de policiais militares brutalmente armados com fuzis engatilhados, mais de 15 carros da BAC, tropas de choque e guardas do metrô acompanharam o ato.

Manifestantes protestam contra o aumento das passagens. Fotos: J.Lee

Após piquete chegar na Central do Brasil – por volta das 18:30 – a polícia fechou os portões de entrada, criando caos no horário de pique do transporte. Pessoas que não participavam da manifestação tiveram muita dificuldade de adentrar a central pelos policiais, tudo isso para impedir que panfletos sobre o aumento fossem entregues aos trabalhadores.

Gritos de ordem como: “Mãos ao alto, esse aumento é um assalto”; “Eu não sou otário, esse aumento vai pro bolso do empresário” e “Sem hipocrisia, esse aumento só é bom pra Supervia”, foram entoados pelas pessoas durante todo o ato.

Os manifestantes se dividiram em grupos pequenos para distribuir panfletos nas portas que ainda estavam abertas, dialogando com as pessoas que passavam por ali. O ato finalizou pacificamente por volta das 19 horas da noite.

Manifestantes se organizaram para panfletar mesmo com a polícia pressionando. Foto: J. Lee

Aumento dos trens e barcas preocupa população carioca

A partir do dia 12 de fevereiro, as tarifas dos transportes aquaviários terão aumento após autorização da Agência Reguladora (Agetransp). A linha seletiva de Charitas será reajustada de R$ 18,20 para R$ 19,00; as linhas da Divisão Sul (Mangaratiba – Ilha Grande – Angra dos Reis) de R$ 17,30 será 18,40; as demais linhas passam de R$ 6,50 para R$ 6,90.

Segundo relatos dos usuários o transporte piorou consideravelmente durante a pandemia, com cortes de linhas e maiores intervalos entre as barcas. A linha mais movimentada, a Praça XV – Arariboia (em Niterói) passou a fechar mais cedo às 21 horas ao invés das 23h. Já Praça XV – Paquetá, que é o único transporte público para os moradores tendo em vista que a ilha fica isolada no meio da Baía de Guanabara, segue funcionando com intervalos de 1 hora e meia.

A estação de Cocotá, na Ilha do Governador segue operando em somente três dias por semana e os itinerários de acesso a Ilha Grande, localizada no município de Angra dos Reis, também teve horários reduzidos e está limitado a moradores da Ilha.

Foi no penúltimo dia de 2020 que o conselho diretor da Agetransp (Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários e Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro) decidiu que o aumento fica em vigor até fevereiro de 2022, justificando a tarifa com dados sociais do IBGE.

Fotos: J.Lee

Supervia mantém o aumento

O transporte público de trens que opera atualmente em 12 cidades da região metropolitana do Rio de Janeiro – comandadas pela empresa Supervia – sofreu aumento da tarifa em 25%. No mesmo esquema das barcas, várias linhas sofreram com a precarização após o começo da pandemia, em março de 2020.

A deliberação do aumento ocorreu em 28 de dezembro passado, estando vigente também durante um ano a partir de fevereiro. A tarifa passa de R$ 4,70 para R$ 5,90.

Usuários relatam que as linhas de Guapimirim, Vila Inhomirim e Magé ficaram suspensas em setembro e atualmente seguem operando com menos vagões e em tempos maiores de intervalo. Já os moradores da Zona Oeste do Rio passaram a sofrer desde junho com o cancelamento do trem expresso. As linhas de Deodoro e Santa Cruz foram unificadas, porém a Supervia prometeu que a junção seria recompensada com mais vagões, porém os relatos são de superlotação e muita espera.