Na manhã desta segunda-feira (05/10), duas pessoas se identificando como membros do Ministério Público, foram até o Centro de Cultura Social do Rio de Janeiro (CCS-RJ), perguntando sobre o MOB e se dizendo atrás de “candidatos políticos por traz de ações sociais para se aproveitar”.
De fato, o Movimento de Organização de Base do Rio de Janeiro (MOB-RJ) tem desenvolvido diversas ações de solidariedade ao longo desses meses, tendo o CCS-RJ, do qual fazemos parte da gestão junto à outros grupos, como espaço de referência para o desenvolvimento de nossos projetos na região.
Junto à outros grupos que atuam no Morro dos Macacos, distribuímos centenas de cestas básicas e kits de limpeza para as moradoras e moradores da favela. Também fizemos parte das ações de abaixo-assinado na comunidade em defesa da vida nas favelas, contra a violência policial e operações durante a pandemia, com respaldo inclusive da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, julgada pelo Supremo Tribunal Federal e proibindo operações policiais durante a pandemia nas favelas do Rio, e foi desrespeitada pela Polícia Militar, resultando na morte do jovem Caio Vieira da Silva.
Junto a outros movimentos e coletivos, realizamos diversas ações de panfletagem e agitação em defesa da renda digna no bairro de Vila Isabel, protestando contra o corte ao auxílio emergencial. Processo esse que resultou em uma manifestação neste dia 01/10, onde marchamos pela Rua 28 de setembro defendendo o direito do povo à uma renda mínima durante essa profunda crise social na qual nos encontramos.
Nossos trabalhos inclusive não se restringem a esse território. Também distribuímos centenas de cestas básicas e kits de limpeza nas ocupações urbanas filiadas à Frente Internacionalista dos Sem Teto (FIST), onde atualmente desenvolvemos um trabalho de capacitação em bordado para moradoras da ocupação Frei Lency.
Todas essas ações realmente fazem parte de uma campanha. Trata-se da Campanha de Luta Por Vida Digna, que longe de qualquer pretensão eleitoral, tem desenvolvido várias iniciativas de solidariedade e luta em todo o país. Essas ações são públicas e estão todas registradas aqui no site do Repórter Popular.
Inclusive, o Movimento de Organização de Base é um movimento social público, que existe há quase uma década e possui entre seus princípios uma defesa irredutível da independência política e econômica dos movimentos sociais. Seja ela em relação a partidos políticos, campanhas eleitorais, empresas e outros setores de interesses privados. Todos os trabalhos e lutas que desenvolvemos até hoje são garantidos através das energias da nossa própria militância, da solidariedade de apoiadores individuais e do apoio mútuo entre outros movimentos sociais.
Conhecemos muito bem o papel nefasto de políticos eleitoreiros que os supostos integrantes do MP dizem querer combater. A cada dois anos eles aparecem nas comunidades para se autopromover em ações isoladas e pontuais para pedir voto e enganar o povo. Denunciamos e rejeitamos qualquer associação com estes oportunistas que parasitam a classe trabalhadora.
No entanto, também queremos registrar que também entendemos que o Ministério Público muitas vezes cumpre um papel deplorável para com os movimentos sociais, sendo usado como arma para perseguir e criminalizar lutadores sociais em todo o país. Relembramos aqui o caso dos 23 presos políticos das manifestações de 2013 e 2014, que foram processados por este MP apenas por ousarem protestar contra os efeitos terradores dos megaeventos no RJ, que acarretou em despejos e na militarização das favelas, em suma, no agravamento deste Estado Policial que hoje vivemos. Em compensação, pouco é feito pelo douto Ministério Público contra os abusos policiais nas favelas, contra o avanço exponencial das milícias por todo nosso Estado, contra as condições desumanas em que se encontra a população carcerária ou em defesa dos direitos básicos do povo mais pobre, ainda que estas também sejam teoricamente suas funções institucionais.
Não temos certeza se realmente se tratavam de agentes do Ministério Público ou de pessoas se passando como tal com o objetivo de nos intimidar. De qualquer forma, também afirmamos categoricamente que não vamos nos acuar ou fazer recuar em nossas ações, tão justas e necessárias no atual contexto de profunda crise sanitária, econômica e social na qual tem passado a classe trabalhadora. O MOB-RJ seguirá firme na luta e está aberto ao diálogo através de todas as nossas redes sociais.
Lutar, criar Poder Popular!