O país está entre os 10 maiores produtores de petróleo do mundo, mas o preço da gasolina, do óleo diesel, gás de cozinha e outros derivados, que são básicos pra vida do povo, são os mais caros. Essa é uma conta antiga que não fecha pros brasileiros e foi o ponto da revolta geral que começou pela greve dos caminhoneiros de maio de 2018.
Neste sábado, dia 01 de fevereiro de 2020, os petroleiros começaram uma greve nacional por tempo indeterminado. Pelo menos 13 organizações de defesa dos petroleiros já fizeram assembléia e decidiram parar o trabalho. Na ordem do dia está a luta contra o fechamento da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen), uma empresa da Petrobrás, anunciado no dia 14 de janeiro deste ano. A desativação da fábrica custará a demissão coletiva de 1 mil operários, entre diretos e terceirizados. A greve nacional, que começa também, é uma mobilização pra reivindicar o cumprimento dos Acordos Coletivos de trabalho que estão sendo violados por privatizações, transferências e demissões.
A privatização e os ataques de todo grau que sofre a Petrobrás aumenta o custo de vida de toda massa popular, que está atravessando dias muito difíceis com a pobreza, o desemprego e a falta de mais e melhores serviços públicos.
Drama dos petroleiros e pretroleiras terceirizadas da AllControl
Muitas notícias ruins que vêm de fábricas e locais de trabalho no Brasil registram que a categoria está vivendo, nos últimos anos, uma piora nas condições de trabalho, direitos, salários e contratos de emprego. A classe vai empobrecendo e perdendo tudo que tinha junto com o desmonte do sistema Petrobrás, os leilões de campos de exploração, desativação de plantas e a privatização de refinarias.
Em 27 de janeiro, os terceirizados da Allcontrol, empresa com contrato de serviços de elétrica pra refinaria de Cubatão SP, foram em um coletivo de mais de 50 operários pedir demissão na agência local de emprego. Uma série massacrante de abusos, humilhações e autoritarismo contra as liberdades de organização foram praticados contra os terceirizados para chegarem nessa situação limite. Salários reduzidos em até 50%, vale alimentação cortado, perseguição aos descontentes e atrasos salariais.
Privatização e desmonte da Petrobrás obedece o mercado e contraria os interesses do povo
O leitor pode imaginar uma árvore de fruta muito produtiva que temos no quintal da casa, de banana, de laranja, do que seja. Mas, ao contrário de servir esses frutos na mesa de casa, nós vendemos ao mercado e depois, quando temos vontade de comê-la, compramos do mercado por um preço do interesse do comerciante. Isso não seria uma atitude muito inteligente.
Com o país é quase isso, mas tem mais coisa aí. Não é a inteligência que manda, mas o poder das grandes petroleiras mundiais e o controle estratégico que elas têm da cadeia produtiva de combustíveis e energia pelo mercado.
O Brasil está entre os 10 maiores produtores de petróleo do mundo. Desde 2013, as chefias do setor e os governos reduziram em mais de 53% os investimentos no setor e demitiram cerca de 270 mil trabalhadores e trabalhadoras do sistema Petrobrás. Calcula-se um impacto de 100 bilhões na economia. Enquanto isso, sobe a gasolina, o gás e o diesel, o mercado manda nos reajustes de preços, 8 refinarias foram colocadas à venda, junto com terminais de terra e mar, milhares de quilômetrosde dutos. As distribuidoras de combustível também estão privatizadas.
Petrobrás pública pode controlar e reduzir os preços que afetam a economia popular
Os petroleiros explicam que a Petróbras é uma empresa estratégica e que o Brasil, com as descobertas do pré-sal, é autossuficiente em petróleo. Mas, para obedecer as razões do mercado e não o seu povo, toma a decisão de exportar a maior parte do óleo cru que produz para o exterior. Junta com isso a redução da operação das suas refinarias, a venda programada do parque de refino e o desmonte de toda a infra de bens e serviços do sistema.
A consequência é o aumento dos preços para o povo no Brasil em razão de que paga mais caro pro mercado a importação do combustível refinado. Quem ganha muito nesse negócio é um grupo muito rico e poderoso de empresas que dominam no mundo inteiro a cadeia produtiva do petróleo. Autoridades do governo, políticos e seus indicados na chefia da estatal, assim como os burgueses locais, que são atravessadores, também ganham sua parte.
A corda estoura na vida ruim e cara que atinge sempre o povo trabalhador, os mais pobres, quem vive de pouca renda e salários baixos e sente muito fácil qualquer subida de preço do gás ou da passagem, do carro ou da moto que usa pra trabalhar ou chegar na firma.
A privatização põe os preços no controle ganancioso do mercado. Petrobrás pública, com os petroleiros valorizados e a serviço do povo é a melhor solução para reduzir o preço dos combustíveis e do gás de cozinha.