Cerca de 30 estudantes se manifestaram na manhã de hoje, no campus Unisociesc Anita Garibaldi. Manifestantes receberam orientações como ir de preto, usar máscaras, levar flores, velas e cartazes, também foi feito um caixão de papelão pela educação. “Se mudar a grade, não pagaremos a mensalidade”, divulgaram. A implementação de 30% da grade dos cursos como Ensino à Distância (EAD) foi o principal motivo do protesto.
Fizeram um velório simbólico da educação, além de algumas falas e gritos por ensino de qualidade. Duas viaturas da Polícia Militar acompanharam o ato. A implementação do EAD é um processo que o grupo Ânima, que administra a Unisociesc, vem fazendo há alguns meses. Conforme estudantes, a faculdade vai juntar turmas para cortar gastos. Alguns professores com mais de uma década de graduação já foram demitidos ao longo da semana.
Pablo Henrique Lopes de Carvalho é presidente do Centro Acadêmico do Curso de Direito. Ele está na 5ª fase do curso e faz parte do Conselho Nacional das Entidades Estudantis do grupo Ânima (CNEEGA), que reúne 7 Instituições de Ensino Superior (IES) do grupo Ânima. Pablo diz que a revolta dos estudantes vem desde o ano passado, quando a mensalidade aumentou 9,5%.
Além do aumento da mensalidade, transferiram o pessoal do campus Boa Vista para a Marquês de Olinda, que hoje se chama campus Anita Garibaldi, onde tem mais de 8.000 alunos. “Estão mentindo que o EAD vai ser obrigatório, mas é eletivo”, afirma.
Segundo Pablo, querem implementar a nova grade de maneira antidemocrática, sem consulta ao núcleo docente e ao colegiado. “Vem de cima pra baixo, ninguém pode dar palpite”, protesta.
Portaria do Ministério da Educação
O MEC ampliou a carga horária de Ensino à Distância de cursos superiores presenciais para até 40%, em dezembro do ano passado. No entanto, é uma portaria eletiva, não é obrigatória. Segundo o CA de Direito, querem empurrar como obrigatória. O EAD não é permitido para cursos de Medicina. O curso de Medicina Veterinária presencial só tem em Araquari, no IFC.
Abraham Weintraub foi o autor da portaria 2.117, de 6 de dezembro de 2019. É o ex-ministro da Educação, autor de declarações racistas contra indígenas e asiáticos, além de mentir que as universidades federais brasileiras são laboratórios de drogas.
“E se colocarem, podem colocar para os alunos que assinaram um contrato novo. Eles tem que dar a proposta para os estudantes dos contratos novos, não para quem já assinou contratos presenciais. É uma mudança unilateral de contrato”, declara Pablo.
O estudante também defende que o sindicato dos professores tem que ser acionado, porque eles nem sabem o que está acontecendo. “Querem maximizar os lucros e minimizar os gastos”, fala. Para Pablo, o grupo Ânima visa a mercantilização da educação.