A “Campanha Contra a Precarização da Educação – Ensino Remoto na UERJ Não!” realizou hoje um ato simbólico em frente a UERJ. Buscou-se chamar a atenção para a implementação de um modelo de ensino que aprofunda a precarização da educação a qual já estamos submetidos, com os recursos nas salas de aulas já eram bastante escasso, com trabalhos de campo insuficientes, com ajuda de custo que mal paga a alimentação e laboratórios onde faltam tudo. Aprofunda a precarização já sofrida pelo trabalho docente, em que se concentra um alto número de estudantes sendo orientados por um mesmo professor, o que também prejudica tal orientação.
Com cartazes/faixas dizendo “Ensino Remoto não!”, “Contra a precarização da educação” e “Em defesa dos trabalhadores da educação”, estudantes apontaram que, para além do prejuízo irreparável à sua formação, o Ensino Remoto Emergencial (ERE) exclui os estudantes-trabalhadores e as mães universitárias, já que sua realidade de sobrecarga não está sendo levada em consideração pela REItoria, que nos empurra goela abaixo uma pretensa adaptação resumida em aulas síncronas ou assíncronas, como se isso contemplasse em quem tem que se dividir em cuidar de suas filhas e de idosos, ou que terão que enfrentar em uma momento de intenso desgaste mental, além das horas de trabalho, remoto ou não, aulas remotas.
Estudantes também levantaram o fato de que os cotistas que podem não conseguir se matricular, ou que venham a ser reprovados por falta por não conseguirem acompanhar as aulas, podem perder suas bolsas, em um momento tão delicado, com 28 milhões de desempregados.
Importante ressaltar também como grande parte da população está no atual momento lutando pela sua própria sobrevivência frente à pandemia e ao descaso do poder público com a crescente miséria causada pela crise. Nesse sentido, as ações de solidariedade comunitárias vem ganhando enorme importância, como é o caso de Suellen, de 22 anos, estudante de pedagogia da UERJ que estava presente no ato de hoje, e militante da Frente Cavalcanti, ação comunitária que vem realizando entregas de alimentos e máscaras no bairro de Cavalcanti, na Zona Norte do Rio. Em caso de retorno às aulas de forma remota, Suellen diz que pode não conseguir mais compor tais ações.
“Na semana passada, a gente atingiu um estudante, cuja mãe está desempregada pois perdeu o emprego na pandemia. Ele estuda na UFRJ e falou que o que está mantendo a casa dele é a bolsa da Universidade, estando eles já há três meses sem pagar aluguel. Encontramos já vários estudantes que estão passando por isso, de bancar a própria casa com a bolsa que ganham nas Universidades. Quando falamos de Ensino Remoto e encaramos essas realidades, percebemos que não há a mínima condição dessas pessoas conseguirem acompanhar um ensino à distância, como o caso do Ensino Remoto. Muitos de nós da própria Frente, que somos estudantes, já estamos também enfrentando isso.”, contou a estudante.
Fica evidente, assim, que a prioridade para o momento está longe de ser o retorno às aulas, não sendo razoável que a UERJ, que tanto clama ser uma das Universidades mais populares do país, abstenha-se de considerar a realidade que grande parte da população, inclusive seus alunos, está vivendo.
Em matéria publicada hoje em seu site, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro divulgou de forma entusiasmada que 90% dos alunos que responderam ao seu levantamento possuem acesso à banda larga. Contudo. a mesma nota afirma que apenas 30% das matrículas ativas responderam o levantamento até então. Além disso, menos da metade dos respondentes (49,87%) possuem notebook próprio e apenas 44,66% declararam possuir espaço adequado em casa para exercer com privacidade as atividades da Universidade.
Por uma educação digna devemos construir a luta contra o ERE, e nesse sentido as campanhas construídas na UERJ, UFRRJ, UFF e UFRJ, tem sido essenciais para politizar esse processo, que não poderá ser “menos pior”.
CONTRA A PRECARIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO, ENSINO REMOTO NÃO!