Por Alass Derivas
Na manhã desta quinta, os entrevistadores dos Centros de Referência de Assistências Social (Cras) de Porto Alegre protestam em frente à Fundação de Assistência Social (FASC). Reivindicam o pagamento dos seus salários, por parte da contratante, a empresa Lazari Apoio Educacional LTDA, terceirizada da FASC e da Prefeitura. Há meses atrasando salários, em outubro a Lazari simplesmente sumiu e não pagou seus funcionários.
Segundo uma entrevistadora do CRAS, que prefere não se identificar, não é possível contato com a empresa.
“A Lazari chega a pagar nossos salário com 15 dias de atraso, não pagando as férias dos trabalhadores, passagem, acertos de demissões, entre tantas outras problemáticas. Contudo, nas últimas semanas a situação só se agravou – chegando ao ponto de funcionários se deslocarem até a sede em Montenegro em mais de uma oportunidade e encontrar tudo fechado, os telefones não sendo mais atendidos, e-mails não respondidos”.
Em edição extra do Diário Oficial do Executivo de Porto Alegre do dia 04 de novembro, a presidente da FASC, Vera Ponzio, notificou a Lazari, dando cinco dias para a empresa se manifestar sobre diversos fatos que estão sendo apurados, entre eles: o não carregamento do cartão TRI (vale transporte), o atraso frequente da folha de pagamento, o não retorno do contato. Na notificação, Vera Ponzio ainda assinala que no 15 de setembro e 13 de outubro, funcionários da terceirizada já se manifestaram em frente à FASC cobrando medidas em relação à empresa.
Esta postura não é nova na terceirizada. Em 2017, a Lazari LTDA já foi matéria de jornal (Zero Hora, Correio do Povo, Sul21) pelo mesmo problema juntos aos CRAs da cidade, o atraso de salário. No Google, o nome da marca acumula reclamações referentes a questões trabalhistas.
Os entrevistadores do CRAs são responsáveis por serviços de cadastramento e atualização do Cadastro Único, que permite acesso a programas sociais do governo federal, dentre os quais o Bolsa Família. São 70 funcionários sem salários, inclusive mulheres.
A contradição: pessoas que são responsáveis por distribuição de cestas básicas para a população não tem acesso a cestas básicas para alimentar suas famílias.
Até quando a Assistência Social vai ser desrespeitada em Porto Alegre?
Até quando vamos comprar a ideia que a terceirização melhora o sistema público?
Prefeito Nelson Marchezan Jr, mesmo em campanha para reeleição, permite um ultraje destes?
Porto Alegre
05 de novembro de 2020
Fotos: Alass Derivas