Trabalhadores demitidos ocupam filial de arrozeira em Rio Branco (Uruguai)

A ação surge como resposta à demissão coletiva dos 31 trabalhadores, bem como à falta de transparência da empresa sobre o futuro da produção

Desde a última sexta-feira (31/8), trabalhadores da arrozeira Saman ocupam a filial da empresa em Rio Branco, Uruguai, cidade situada na fronteira com Jaguarão/RS. Ao chegarem para trabalhar no dia, a empresa anunciou o fechamento da unidade e a demissão dos empregados.

A ocupação da empresa surge como reação dos trabalhadores, que questionam, além da falta de aviso prévio sobre o fechamento da unidade e a demissão coletiva, a existência de dois silos carregados com toneladas de arroz e soja, os quais demandariam trabalho para a equipe de 31 funcionários por pelo menos alguns meses. A arrozeira ainda fala que irá recontratar apenas seis trabalhadores, via empresa terceirizada, para manutenção e limpeza do espaço.

Dos 31 trabalhadores, 17 estão ocupando a filial, enquanto os outros seguem apoiando com visitas e participação nas atividades realizadas no local. Os trabalhadores não têm conseguido manter a produção, visto o número reduzido daqueles que seguem mais diretamente no espaço. Assim, a prioridade vem sendo a segurança da ocupação, uma vez que cada um dos silos carregados encontram-se relativamente distantes e por isso demandam um maior número de pessoas para fazer a vigia.

A população local tem demonstrado apoio à ação dos trabalhadores, com moradores visitando o espaço e doando alimentos. A ocupação conta ainda com recursos dos salários dos trabalhadores demitidos (pagos também na sexta-feira) e com um fundo do sindicato. Ainda não ocorreram ações por parte dos órgãos de repressão do governo uruguaio, mas a ocupação segue em alerta. Para esta quarta-feira, 5/9, está agendada uma reunião, em Montevidéu, entre PIT-CNT (central sindical uruguaia), sindicato responsável por representar trabalhadores do setor arrozeiro, representantes da Saman e representantes do ministério do trabalho uruguaio.

A Saman, com 76 anos de existência, é a maior empresa do setor no Uruguai, responsável pela produção de cerca de metade do arroz consumido no país, tendo sido comprada pela brasileira Camil Alimentos em 2007.

Trabalhadores registram rotina da ocupação de filial arrozeira, no Uruguai