Trabalhadores da rede municipal de Maricá-RJ reafirmam a greve pela vida

Por Repórter Popular – Maricá

Desde fevereiro de 2021, trabalhadores da educação do município de Maricá vem travando uma luta contra a prefeitura de Maricá, governada pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Em fevereiro as aulas presenciais da rede privada foram autorizadas, com a maioria dos profissionais indo para as escolas sem vacina. Com as pressões dos donos das escolas particulares e com aprovação da prefeitura petista, os estabelecimentos de ensino da rede privada seguiram abertos.

Na semana do dia 22 ao 27 de fevereiro os sindicatos da educação do município organizaram uma semana em defesa da vida, que culminou com um ato realizado na praça central da cidade e decretaram greve do ensino presencial no dia primeiro de março. Apesar disso, a secretaria manteve o indicativo de retorno escalonado para o dia 15 de março, o que fez com que a rede estadual e municipal unificasse num ato simbólico realizado no dia 10 de março.

Com o crescimento absurdo dos casos de covid nos meses de março e abril, a prefeitura aparentemente recuou do retorno das aulas presenciais sem vacina, mas manteve as escolas municipais com o serviço administrativo funcionando normalmente. Em maio (17) entretanto, a prefeitura divulgou uma nova nota, que autorizava o retorno presencial dos educadores e educadoras. Em estado de mobilização, trabalhadores realizaram mais um ato, desta vez em frente a prefeitura municipal. Neste ato, cercado de um contingente de policiais e guardas municipais, os educadores conseguiram ser recebidos por uma comissão da prefeitura. Nesta manifestação, a Secretária de Educação, Adriana Costa, se comprometeu a vacinar todos os profissionais da saúde com a primeira dose da vacina, até o dia 22 de junho.

Foto: Foto do ato simbólico realizado em frente a prefeitura, no dia 10 de março de 2021. Foto: Repórter Popular – Maricá

Primeira dose é o começo da solução, não seu fim

Depois de toda a pressão da categoria, educadores e educadoras foram vacinados com a primeira dose da vacina nos meses de junho, o que foi uma conquista importante deste processo de mobilização. Mas o administrativo das escolas seguiu funcionando, o que colocou em risco inúmeros/as trabalhadores/as. Foram registradas perdas por covid-19 na categoria, assim como casos de covid-19 nas escolas privadas. A secretaria por fim, apontou o adiantamento do recesso escolar, mas manteve a ideia de retorno das aulas presenciais, apenas com a primeira dose da vacinação, o que contraria os protocolos científicos.

Cabe dizer que o município de Maricá conta oficialmente com 486 mortos por covid-19. Os dados também possuem uma discrepância com o que foi relatado oficialmente pela Prefeitura em seus últimos boletins. Nas plataformas da Fiocruz, da Universidade Federal de Viçosa, ou mesmo, na plataforma oficial do governo federal, a contagem é de 486 óbitos, mas nos boletins oficiais da prefeitura, o número de óbitos é de 416. Independente da exatidão dos dados, as curvas indicam um aumento na incidência da covid-19 no município que pode levar a mais mortes, principalmente de membros da comunidade escolar.

Os estudos indicam que a abertura das escolas sem a devida imunização (primeira e segunda dose) de todos os envolvidos, propicia um aumento de até 270% de risco de contrair covid-19.

Categoria reafirma a greve pela vida

Diante a insistência da prefeitura de Maricá em retornar com as aulas presenciais apenas com a primeira dose da vacina, a categoria reafirmou a greve das atividades presenciais, com paralisação de 72h do Ensino Remoto nos dias 15 e 24 de junho. Reafirmando a posição científica que indica que a imunização completa só ocorre com a primeira dose da vacina, trabalhadores da rede se manifestam contrários ao retorno programado para o dia 05/07 e defendem o retorno apenas com a segunda dose e 70% da população vacinada. Também apontaram um ato que está previsto para ocorrer no dia 05 de julho.

Paralelamente, a categoria está construindo diversas comissões pela vida nas escolas municipais. Essas comissões tem como objetivo, construir a luta pela vida nos locais de trabalho, organizando o “chão da escola” e levando as demandas para a assembleia da categoria. Algumas comissões lançaram cartas abertas para a comunidade escolar, explicando os riscos de um retorno sem a imunização completa.

Também gerou confusão na categoria, a fala do vereador Hadesh, filiado ao Partido dos Trabalhadores. Em sessão ordinária da Câmara do dia 28/06, o vereador, que coloca como principal bandeira, a educação, defende (28 minutos de vídeo) o retorno das aulas no dia 05/07 com a primeira dose da vacinação. Posição que é rejeitada pela categoria, em suas assembleias ordinárias.

Em algumas escolas, direções contrariam o direito de greve, ao insinuarem que cortarão o ponto dos grevistas, numa atitude claramente anti-democrática. As direções das escolas em Maricá não são eleitas pela comunidade escolar, mas indicadas pela secretaria municipal de educação. Também é garantido o direito de greve para funcionários em estágio probatório ou terceirizados.

Espera-se que a categoria possa reafirmar seu direito pela vida e garantir a total imunização dos trabalhadores da educação e de toda a população maricaense.  A prefeitura do PT de Maricá deve decidir: está do lado da vida e dos trabalhadores ou do negacionismo e da pressão dos empresários?

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