Por Repórter Popular – Norte Fluminense
Na última quarta-feira (23/06) o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) realizou, em parceria com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT), uma ação de doação de alimentos agroecológicos na Ocupação Novo Horizonte, no conjunto habitacional do Novo Horizonte, em Campos dos Goytacazes. Esta ação faz parte da campanha Mutirão Contra a Fome, campanha nacional de arrecadação e distribuição de alimentos para apoiar famílias em situação de vulnerabilidade social e econômica.
Contamos com doações de alimentos agroecológicos produzidos por agricultores familiares da Feira Itinerante da Baixada Campista, que ocorre todo sábado pela manhã em Baixa Grande. Além dos alimentos doados pelo MPA, tiveram também alimentos da Cesta da Reforma Agrária realizada pelo Coletivo Terra Crioula do MST, também de Campos dos Goytacazes.
A ocupação urbana do Novo Horizonte, localizada no Parque Aeroporto, conta com mais de 600 famílias que estão lá há 67 dias, em um conjunto de casas de uma grande construtora. Dentre estas famílias, há algumas inscritas no programa “Minha Casa, Minha Vida” e que aguardavam pela entrega das chaves. Mas não foram sorteadas, mesmo atendendo a todos os critérios. Então estas famílias seriam despejadas por inadimplência do aluguel, muitas delas em situação de vulnerabilidade econômica, e assim decidiram ocupar o conjunto de casas vazias e lutar pelo direito à moradia e a uma vida digna.
Desde o dia 13 de abril, quando iniciou-se a ocupação, a mesma sofreu diversas ameaças e tentativas de reintegração de posse, mas vem resistindo e sendo vitoriosa na luta por moradia. Muito por conta de sua organização autônoma e popular, mantendo uma cozinha comunitária que serve almoço e jantar diariamente. Ela recebe doações de diversas organizações e sindicatos que ajudam com alimentos, infraestrutura, atividades culturais e apoio jurídico, incluindo também o mapeamento do perfil socioeconômico das famílias ocupantes.
No início desta semana o MST realizou também uma atividade de plantio de mudas de árvores na Novo Horizonte, por conta do Plano Nacional Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis. As ações de solidariedade entre os movimentos do campo e da cidade têm sido fundamentais neste momento de graves ataques do ultraliberalismo aos mais pobres. E a união dos movimentos sociais soma forças na luta por direitos, moradia, terra, soberania alimentar, entre outros, que têm sido negados pelos governantes e Estado.
A articulação de movimentos sociais urbanos e do campo e a organização popular e autônoma são a base que constituem e fomentam as lutas por tais direitos e a resistência popular. Principalmente nessa conjuntura de graves ataques do capital e dos poderosos em meio a esta crise sanitária da pandemia de Covid-19, que dura mais de um ano. Além da crise econômica consequente da genocida política econômica ultraliberal do governo Bolsonaro e Guedes, que intensificam as desigualdades sociais, a fome, a insegurança alimentar, o desemprego, e os demais ataques aos direitos sociais básicos.