Manifestantes marcharam nas ruas do centro de São Paulo na quarta-feira, 02 de outubro, em memória dos 27 anos do Massacre do Carandiru, como ficou conhecido o episódio em que policiais militares mataram 111 detentos, segundo dados oficiais – acredita-se que o número seja muito maior.
Mais que um ato de lembrança da chacina, a manifestação levou às ruas o debate sobre a política de encarceramento e massa e de genocídio cometida pelo Estado, principalmente contra a população preta, pobre e periférica. A organização do protesto foi da Frente Estadual pelo Desencarceramento, iniciativa que reúne entidades e movimentos ligados aos direitos da população encarcerada. Também estiveram presentes movimentos negros, entidades de bairro, parentes de pessoas encarceradas, de vítimas de chacinas recentes, e até sobreviventes do massacre.
Os manifestantes se concentraram na Praça da Sé, e passaram por símbolos do Estado Penal e Racista: Ministério Público, Secretaria de Segurança Pública e Tribunal de Justiça. Disseram palavras de ordem, e leram os nomes dos 111 mortos no massacre do Carandiru. Com uma faixa em que se dizia “todo preso é um preso político”, a lembrança da chacina também foi um chamado à luta e organização contra a violência do Estado.
3 décadas de impunidade
A impunidade é marca quando o crime vem do Estado. O massacre aconteceu em 2 de outubro de 1992: para reprimir uma rebelião que acontecia no Pavilhão 9 da Casa de Detenção, a Tropa de Choque da PM foi autorizada a entrar no presídio, e fuzilou os encarcerados. Apenas em 2015, um júri popular havia condenado 74 policiais a penas que iam de 48 a até 600 anos. Mas no ano passado, o Tribunal de Justiça de São Paulo anulou o julgamento. Até hoje, ninguém foi responsabilizado pelo banho de sangue.