Slam Joinville

Slam: poesia, rap, denúncia, resistência em forma de arte

No dia 26/01/20 aconteceu a 8ª edição do Slam J.O, na cidade de Joinville, Santa Catarina, evento na rua de poesia falada, que faz parte da cena hip hop e que também tem rodas com batalhas de rap. Evento que já se tornou parte da cultura urbana daqui, dando aos moradores e principalmente os da periferia um espaço de cultura, entretenimento e resistência.

Como funciona e organização

O funcionamento é bem simples: primeiro um dos organizadores/as faz a inscrição dos poetas que competirão; em seguida escolhe-se três jurados da plateia onde cada um dará notas de 0 a 10 conforme alguns requisitos explicados por alguém da organização; os poetas se apresentam em 3 rodadas com tempo de 3 minutos para cada declamação, se passarem do tempo ou falarem palavrão é descontado pontos; por último soma-se os pontos e premia-se os 3 melhores concorrentes.

Atualmente possui 3 pessoas na organização: João Maurente que cuida das inscrições e as notas; Isa Amorim, responsável por chamar os MCs ao palco e também animar a galera, certamente a que mais fala dos três; e Lucas Pacífico responsável pela parte fotográfica. Sendo que quem participa deverá ter uma pronta para cada rodada.

De onde surgiu o movimento Slam

Por mais que este tipo de poesia esteja se popularizando no Brasil agora, lá nos Estados Unidos tudo começou mais ou menos nos anos 1980, sob influência do movimento de verso livre – o que nós conhecemos como rap hoje em dia. Foi mais ou menos nessa época que Mark Kelly Smith, um poeta de Chicago, o criou. Ele a achava acadêmica e também muito elitizada e queria pensar numa forma mais relaxada e livre de a fazer. Juntando isso com as sessões de microfone aberto para os artistas que já rolavam nos cafés por lá, esse estilo de performar as poesias surgiu. Em 1990 ele organizou a primeira competição nacional de e ela tem edições até hoje nos Estados Unidos.

Mais do que um estilo de arte: um grito de resistência e denúncia

Em entrevista a Lucas Pacífico, no insta como @pacificolucas, ele diz qual sua opinião sobre esta arte. Para ele este tipo de demonstração artística, já se consolida como uma forma de cultura para o público do município. A importância da poesia falada está principalmente no ponto da expressão dos pensamentos e sentimentos, pois segundo outro MC é necessário se expressar, pois a não expressão pode acarretar problemas como depressão. Durante o evento é expressado todo tipo de raiva, angústia, preconceito, e muitas outras coisas da parte emocional. Mas também se fala sobre desigualdade, sexualidade e demais temas.

Segundo ele, é um lugar onde as pessoas conseguem dizer aquilo que estão reprimindo ou escondendo ou mesmo porque não tem pessoas para conversar sobre tais situações e problemas, ou que não conseguem se expressar de outras formas. O fotógrafo faz parte desde a primeira edição do evento.

Quem venceu esta edição

Para a alegria de todos, uma boa surpresa foi a vitória da única competidora mulher: Tai Calegaro, que desenvolveu versos fortes sobre feminismo e a violência cotidiana sofrida pelas mulheres.

OITAVA EDIÇÃO DO SALM JOINVILLE
Vencedora da oitava edição Tai Calegaro
NATHAN
Nathan: 2 colocado da 8 edição do Slam J.O

Machismo e violência contra as mulheres

Utópiko MC durante uma das apresentações mandou versos sobre agressões e estupro e como é abafado dentro do cenário de hip hop da cidade. Abaixo o vídeo completo e impactante, clique na imagem:

O preconceito e a desigualdade nas rimas de Endril

Outro destaque é _drillmc_, que solta a voz denunciando o preconceito que muitos sofrem pela cor da pele, ele sempre traz palavras fortes e pesadas, sendo a voz de resistência para muitos da população negra e periférica, clique na imagem:

Os vencedores recebem livros como suas premiações, o Slam acontece sempre no último domingo do mês.