Símbolo da corrupção nacional, Roberto Jefferson se alia a Bolsonaro

O chamado Centrão (bloco de deputados federais que se organiza por interesses próprios e que costuma se aliar a governos por conveniência) e Jair Bolsonaro estão cada vez mais juntos. O atual presidente, que na campanha dizia ser contra a troca de favores na política, agora se agarra em políticos acostumados ao jogo de interesses. Seu mais novo aliado, inclusive, é Roberto Jefferson, que ficou conhecido no Brasil todo por ser um dos organizadores do Mensalão.

Na manhã deste sábado (9), Roberto Jefferson postou uma foto armado em seu Twitter. Lá, declarou que defende o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e da Rede Globo. Não comentou, porém, nada sobre o combate ao Coronavírus e nem à crise que já deixou mais de 10 mil brasileiros mortos, mais de 144 mil infectados e milhões de outros sem emprego ou correndo o risco de perder sua renda básica.

Como está o casamento de Bolsonaro com o Centrão:

O Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas) ganhou novo diretor-geral. É Fernando Marcondes de Araújo Leão, ele foi indicado por Arthur Lira, do PP de Alagoas, líder do Centrão na Câmara e condenado por improbidade administrativa. O Dnocs é um órgão apontado pelo TCU (Tribunal de Contas da União) como um dos órgãos do governo federal mais suscetíveis ao risco de fraude e corrupção. Em 2020, passarão pelas mãos dos responsáveis pelo Departamento cerca de R$ 1 bilhão.

O Dnocs é ligado ao Ministério do Desenvolvimento Regional, pasta do governo que movimentará, em 2020, R$ 33,2 bilhões, que deveriam ir para pequenas obras em regiões pobres do Brasil.

O governo decidiu negociar cargos em outros setores do Ministério do Desenvolvimento Regional, como a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), que tem orçamento previsto de R$ 1,6 bilhão neste ano; além da Agência Nacional de Águas (ANA) e dos órgãos de desenvolvimento regional Sudene, Sudam e Sudeco. Uma parte desses cargos foi oferecida ao Partido Liberal, de Valdemar Costa Neto, que já foi condenado no mensalão e investigado pela Lava Jato. O ex-deputado deverá ter, ainda, postos no Banco do Nordeste, na Saúde, nas agências reguladoras e conselhos de empresas estatais.

Além disso, também foram oferecidas vagas para o Centrão em diretorias da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), órgão que não deveria ser alvo de interesses políticos, mas sim para garantir alimentação para todos brasileiros.

Ao todo, o Centrão deve controlar cerca de R$ 76 bilhões nos cargos que ganhará do Governo Federal.

Relembre o caso do Mensalão:

O mensalão foi um esquema de corrupção em que deputados recebiam dinheiro para votar a favor dos projetos do Governo Federal, na época, do PT. Entre os partidos que recebiam propina, estavam o PMDB e o PP (partido do qual Bolsonaro fez parte durante 11 anos, mesmo depois de o escândalo ser noticiado). É verdade que o Mensalão não abalou a economia brasileira de forma grave, mas escancarou um jogo de compra de votos na Câmara que, ao que tudo indica, não é um problema nem para o atual governo.

Por que se aliar ao Centrão?

Bolsonaro fez campanha dizendo ser contra a “velha política”, porém agora, com 31 pedidos de impeachment para que ele deixe o Governo, o atual presidente parece disposto a entregar quantos cargos os deputados interessados quiserem. Estes deputados que formam o Centrão são próximos a Rodrigo Maia, presidente da Câmara e responsável por aceitar ou não os pedidos de cassação de Jair. Parece que a estratégia de Bolsonaro não é trabalhar para governar para o povo mas sim se aliar a quem pode lhe manter na presidência.

Diante de tudo isso, Bolsonaro pretendia fazer um grande churrasco para 3 mil pessoas no Palácio da Alvorada neste sábado (9). Após ironizar e debochar do alto número de mortos por Coronavírus no Brasil, o presidente cancelou a festa que daria, mas ainda sem explicar se pretende fazer algo para que os brasileiros sofram menos diante de todas essas crises.

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