O primeiro dia do ano em São Paulo já foi de indignação para milhões que utilizam o transporte público: as passagens de ônibus, trem e metrô subiram para R$ 4,40, dez centavos a mais. O aumento só não foi mais alto porque os governantes temem uma revolta nos moldes do que aconteceu no Chile e Equador, mas a reposta já veio: o Passe Livre São Paulo convocou manifestação para a próxima terca-feira, dia 07 de janeiro, no centro da cidade.
O aumento na tarifa vem excluindo milhares de pessoas do direito de ir e vir na cidade. Nos últimos anos, os governos vêm cortando a extensão de benefícios como o passe estudantil e a gratuidade para desempregados, enquanto sobem a tarifa e precarizam o serviço. Segundo o Passe livre, a nova licitação de ônibus prevê 190 linhas extintas, e 253 linhas cortadas, ou com trajeto alterado.
E o encarecimento do transporte nos últimos anos fez com que os gastos das famílias com ele sejam maiores do que os gastos com alimentação, segundo o IBGE [1].
O Passe Livre fez cálculos com base no valor da integração, que agora ficou em R$ 7,65. Quem faz somente o trajeto casa-trabalho com a integração, tem comprometido valor equivalente a 1/3 do salário mínimo, já reajustado em R$ 1.039. Ou seja, a tarifa é um fator que empobrece a classe trabalhadora.
O custo de vida do povo tem aumentado, enquanto as condições continuam muito ruins. São 12 milhões de desempregados em todo o País, sendo quase 2 milhões só na Grande São Paulo. Além disso, são quase 40 milhões trabalhando na informalidade, muitas vezes com longas jornadas para receber pouco, sem garantias.
O aumento do preço da carne e do gás de cozinha nesse final de 2019 mostra que a coisa sempre pode piorar. O combustível também ficou mais caro no último ano, prejudicando a vida de caminhoneiros, motoristas de aplicativos motoboys, que hoje precisam trabalhar ainda mais para ganharem o que ganhavam há doze meses.
O calendário de lutas já tem início: em São Paulo, o ano começa com manifestação contra o aumento das tarifas dos transportes. E não vão faltar pautas para a luta contra o aumento do custo de vida. 2020 deve ser um ano de muitas dificuldades, mas também de muita resistência.
[1] Brasileiros gastam mais com transporte do que alimentação, aponta IBGE – https://www.brasildefato.com.br/2019/10/08/brasileiros-gastam-mais-com-transporte-do-que-alimentacao-aponta-ibge/
