Chegou a hora de recuperar o maior sindicato do sul fluminense para a mãos dos trabalhadores e das trabalhadoras

Vitor Hugo |

Em Volta Redonda esta situada a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a maior metalúrgica da América Latina, com uma base de quase 50 mil trabalhadores e trabalhadoras que se revezam em turnos dia e noite para alimentar os fornos que nunca param da gigante de aço.

Os dominantes contam a história da CSN com uma pomposa narrativa de glórias e modernizações, deixando de lado toda a história de luta da nossa classe ao longo das décadas. Portanto, cabe a nós a tarefa de resgatarmos nossa tradição de arigó, de peão que não se deixa dobrar, somos mais tenazes e resistentes que o aço que produzimos.

Razão pela qual a nossa classe inseriu Volta Redonda no mapa das greves no ano de 1988, decidindo por emplacar uma poderosa greve contra as condições de trabalho aos quais estavam submetidos e sem dar para trás pararam a produção. Tomando a fábrica que sempre pertenceu aos trabalhadores, pois são eles quem a mantém funcionando. Como nas greves anteriores, os inimigos do povo logo foram chamados para reprimir o movimento na base de porrada. Exército e polícia militar se uniram numa repressão duríssima que terminou com o assassinato de 3 camaradas de luta: William, Valmir e Barroso, mas não terminou com a disposição de luta e a greve seguiu se espalhando para a cidade toda, envolvendo cada trabalhador e trabalhadora da fábrica, das escolas, do comércio, desempregado, associações de bairro, grêmios estudantis e pastorais do povo. A greve só acabou quando os militares saíram do interior da fábrica e as demandas do movimento foram atendidas!

Todo esse processo de luta – que não foi o único – só se tornou possível pois o sindicato era ativo, presente nas bases, disposto a melhorar nossas condições de vida e trabalho, enfrentar os patrões e não arredava pé pra luta com a primeira oferta ou sinal de repressão. Em outras palavras: o sindicato era para lutar!

Greve dos trabalhadores da CSN, 1988

Logo os poderosos perceberam que não podiam deixar essa importante e poderosa ferramenta livremente nas mãos dos trabalhadores e se organizaram para intervir. Em alguns anos finalmente conseguiram e uma pelegada tomou o sindicato das mãos da peãozada transformando-o num balcão de negociação com a patronal da privatizada CSN. De lá pra cá nossa classe tem tido vida difícil, pois essa pelegada imoral negocia todos os direitos conseguidos na luta, entregaram até mesmo o turno de 8 horas, pelo qual William, Valmir e Barroso tombaram de pé!

Mas a hora dessa pelegada chegou! Há anos a Oposição Metalúrgica vem se organizando e lutando em defesa dos trabalhadores mesmo sem estar na direção do sindicato, demonstrando assim que tem disposição de recuperar o sindicato de luta dos anos 80.

A Oposição Metalúrgica tem como objetivo não só impedir a continuidade dos cortes de direitos e readquirir os que já foram entregues pela pelegada, como também recolocar o sindicato dos metalúrgicos como a referência de luta que já foi no passado, sendo um centro organizador dos combates da fábrica, dos bairros, da luta ambiental e qualquer boa briga que traga vida digna para nossa classe.

Sindicato é para lutar!