Hoje (03/02), no Centro de Educação Profissional Dario Salles de Joinville, iniciou a chamada pública para admissão de professores e professoras em caráter temporário (ACT). A busca por vagas ACT é um desafio para quem dá aula em Santa Catarina. Três pessoas que procuram vagas deram seus relatos sobre o descaso do governo estadual.
“Nesse exato momento na chamada de professores estão chamando química, que no cronograma está marcado para 14 horas, ou seja, a minha área que iniciaria às 17h30 não tem previsão de iniciar”, relata Daniela. Leonardo, também professor de história, passa pela mesma situação. “História, que era pra ser 17h30 horas, não sei que horas vai acontecer. É uma vergonha, lugar socado e cheio de gente. Colocaram tudo no mesmo dia”, conta. Já passava das 19 horas quando Leonardo e Daniela deram seus relatos.
Daniela relata que o auditório está socado, o ar não dá conta, tem pessoas com seus filhos. Conforme a professora, o cronograma foi modificado no final de semana e não estava disponível no site da Secretaria da Educação até ontem à noite, quando ela recebeu de alguns colegas que já pegaram aula o cronograma atualizado e modificado. “Os demais professores iriam ficar sabendo como dessa mudança em cima da hora?”, pergunta.
Daniela também relata que a gerência dificulta a situação de quem dá aula impondo uma documentação desnecessária. Daniela relata que, na sexta à tarde, a gerência exigiu que os professores que pegarão vaga na chamada pública precisam ir na gerência (na Rua 9 de Março) pegar um papel carimbado com os anos de trabalho e ir na última escola que trabalhou numa disciplina, que não a da sua formação, pegar um papel com o tempo de serviço na sua disciplina específica. “Uma papelada desnecessária e que foi inventada em cima da hora. Pra quê? Ninguém soube dizer. Esse é o jeito que o professor é tratado em Santa Catarina”, reclama.
“Engraçado que quando fazemos greve tem vários jornais filmando e falando sobre. Mas e hoje? Cadê?”, cobra da imprensa. Outro professor ACT que não quis ser identificado deu o seu relato para o Repórter Popular. Ele participa do processo ACT no estado de Santa Catarina há alguns anos. “Todos os anos as chamadas para contratação são em alto nível de desorganização e total desrespeito aos profissionais que buscam uma vaga de emprego”, fala.
O professor diz que a falta de compromisso com quem dá aula iniciou com a divulgação de cronograma para chamada pública com informações confusas e a solicitação de documentos que geraram diversas dúvidas e transtornos, documentos com informações que, segundo ele, deveriam constar no sistema da secretaria de educação
Este ano não está sendo diferente para quem procura uma vaga de professor/professora ACT. “No momento que escrevo o local de escolha de vagas está superlotado, sem climatização”, explica. Ele também reclama que não tem papel higiênico em nenhum banheiro e os professores estão amontoados em uma longa espera.
A chamada para professores ACT vai continuar na terça-feira, mais pessoas terão que passar por transtornos na busca por uma vaga de emprego. “Não há possibilidade de uma sociedade diferente, mais justa e igualitária se continuarmos apenas com discursos, enquanto na realidade os professores são tratados com desprezo e desinteresse pelo governo e sociedade em geral”, desabafa o professor ACT.