Professoras sugerem atividades na primeira live do projeto Educação Antirracista

Nesse domingo, às 16h, na página do coletivo Afroativos, ocorreu a primeira live do grupo de Educação Antirracista, formado por educadores e coletivos do Rio Grande do Sul. Nos últimos dias, tivemos a certeza de que nem o coronavírus parou o extermínio da juventude negra no Brasil e no mundo. Se a orientação é de que fiquemos em casa para nos proteger do vírus, mesmo dentro de casa João Pedro foi assassinado pela polícia genocida brasileira. Esse episódio foi lembrado na abertura da live, quando Bamba Toure, da Associação dos Senegaleses de Porto Alegre, pediu um minuto de silêncio. O luto está se transformando em luta. Bamba falou sobre a importância de debater Educação Antirracista e de dar subsídios para que nossas crianças e adolescentes negros e negras possam aprender a se defender. Em seguida, cada professora participante apresentou o coletivo que integra e propôs atividades para os educadores que querem aprimorar suas práticas de educação antirracista.


Empoderadas IG


Uma das atividades apresentadas pela professora Luciana Dornelles Ramos foi o Saco do Argumento. Conceitos importantes para o debate antirracista são colocados dentro de um saco, sorteados e debatidos. Palavras como colorismo, empoderamento, silenciamento, cabelo foram sugeridas para compor o saco. Essa atividade fortalece o repertório argumentativo dos alunos e alunas, contribuindo para o empoderamento de cada um.


Quilombelas


A professora Helena Meireles falou sobre a importância de fortalecer a relação com as comunidades, especialmente com as mães, para uma prática escolar efetiva. Especialmente nesse período de pandemia, é importante que os professores se engajem em ações de solidariedade, visitando as casas dos alunos, levando palavras de reflexão junto dos alimentos. Afinal, a educação para as relações étnico-raciais é base para a luta contra as desigualdes sociais.


Oorun


Fernanda Oliveira contou um pouco como é ser uma professora negra nas regiões com forte presença imigratória de europeus como São Leopoldo e ressaltou a necessidade de desmistificar o papel desses imigrantes e denunciar a negação da contribuição da comunidade negra e dos povos originários na constituição desses territórios. Ela falou sobre o ambiente hostil e racista das salas de aula ser um importante fator para a evasão escolar de crianças negras. A partir desse dado, a professora organizou em sua casa um espaço para promover afrobetização. A partir da constituição de um acervo de livros com personagens negros, com quadros da artista Raquel da Silva, Fernanda montou um espaço seguro, livre de racismo, para a aprendizagem de crianças negras.


É Tempos de Aquilombar


A professora Jaqueline Franco contou que diversos professores e alunos da Emef Afonso Guerreiro Lima elaboraram oficinas antirracistas que foram oferecidas às turmas da escola. Oficina de Abayomis, de símbolos Adinkras, de feminismo negro, de jogos mancala, dentre outras. Essas ações culturais ambientam a escola para ações mais efetivas de combate ao racismo, que garantem respostas a violências racistas, acabando com o ciclo do “não fizeram nada quando eu denunciei”, frase muito dita por alunos vítimas de racismo nas escolas.


Afroativos


A anfitriã e mediadora da live, professora Larisse Moraes, focou na indicação de obras que orientem professores iniciantes na educação antirracista. O livro Alfabeto Negro, das autoras Rosa Margarida de Carvalho Rocha e Cristina Agostinho, foi a primeira indicação. Os livros da coleção Black Power, da editora Mostarda, que apresentam personalidades negras, também figuraram nas indicações da professora. Por fim, Larisse contou que, nas apresentações do Afroativos, o momento mais bonito e sensibilizador é a declamação do poema O pequeno príncipe preto, de Marcelo Serralva, seguido da coroação de rainhas-mulheres negras da plateia. O objetivo é sempre lembrar que o povo preto tem reis e rainhas na sua ancestralidade.

E por falar em ancestralidade, em muitos momentos as professoras lembraram da importância de construírem uma linda história de luta e vitória que faça jus a essa ancestralidade potente. A professora Helena Meireles deixou o importante recado aos negros e negras: “somos os sonhos de nossos ancestrais”.

A próxima live será transmitida na página do QuilomBonja, quarta-feira, 3 de junho, às 19h30.