Entrega de panetones no presídio.

Pessoas presas recebem panetones em Joinville

O Conselho Carcerário e a Pastoral Carcerária presentearam as pessoas que estão presas no Presídio Regional de Joinville e na Penitenciária Industrial. Ao entregar os panetones, os visitantes deram “Feliz Natal” e pediram um 2020 melhor para todas as pessoas privadas de liberdade. A partilha foi realizada na tarde de ontem. Funcionários que trabalham nos locais também receberam panetones.

Os panetones levaram uma frase da Rosa Luxemburgo, socialista assassinada por paramilitares: “Quem não se movimenta, não sente as correntes que o prendem.” O último evento do Conselho Carcerário, realizado no presídio, foi uma roda de conversa com mulheres presas. Elas conversaram sobre violência contra a mulher.

No caso das mulheres, as visitas são mais raras. Os homens são mais visitados, as mulheres são mais abandonadas pela família. A entrega de panetones é solidária com quem enfrenta superlotação atrás das grades, mas também foram entregues para funcionários das unidades prisionais, em solidariedade às condições de trabalho que enfrentam.

A pastoral partilha o pão e encontra a força da unidade e a fonte da caridade na partilha. Márcia Beumer, 42, quis levar o espírito de Natal para eles. “Para aqueles que não tem visita sermos essa visita a eles. Mostrando que, pela misericórdia de Deus, não estão sozinhos”, prega Márcia.

No meio de condições insuportáveis, como 23 pessoas em uma cela, os detentos rezam sempre que saem para o pátio. Conforme a pastoral, quase todas as alas rezam o “Pai Nosso”. Durante a visita e entrega de panetones, a oração, como um jogral, foi ouvida de longe. Em uma situação de sofrimento, a oração pode ser uma das únicas alternativas para aliviar as dores dos detentos cristãos.

O Presídio tem 1.130 homens e 84 mulheres, mas a capacidade oficial é de 604 e 72 vagas. Ou seja, tem o dobro do número de detentos permitido. “Hoje a superlotação é o grande problema do presídio. Está insuportável”, afirma Cynthia Pinto da Luz, presidente do Conselho Carcerário.

Em uma das celas com 23 pessoas, era só abrir a portinhola da porta que um cheiro horrível tomava o espaço. É injustiça manter homens em condições assim, não importa o que tenham feito. Não tem como manter a higiene em uma cela com 23 pessoas. Em setembro, um homem foi internado com meningite.

Para que os presídios não passem mais por situações de superlotação, além de considerar todas as opressões existentes, é necessário debater justiça restaurativa, descriminalização das drogas e abolicionismo penal. “A prisão é considerada algo tão natural que é extremamente difícil imaginar a vida sem ela”, explica Angela Davis.