Nesta quinta-feira (25), a Prefeitura de Joinville mandou, pela segunda vez, uma retroescavadeira até a ocupação indígena, no bairro Fátima, para derrubar uma das casas em construção. O município já havia feito o mesmo na terça-feira, 24, porém não concluíram a ação por conta da resistência do povo.
Até às 11h30, a demolição não havia acontecido, mas havia órgãos de repressão no local, como a Guarda Municipal, para dar respaldo e garantir a ordem de despejo. A população montou uma barricada com madeiras para conseguir se proteger e impedir a entrada dos verdadeiros invasores, o Estado.
A comunidade Deni veio de Manaus (AM) em buscas de melhores condições de vida na cidade catarinense. Compraram um pedaço de chão por R$ 10 mil no site de vendas OLX e começaram a construir suas moradias em local de mangue. As famílias que vivem na ocupação não pedem nada mais do que vida digna e o direito de morar naquela terra.
A prefeitura de Joinville, porém, vem negando o direito a moradia mesmo durante a pandemia. Em reunião com uma das moradoras, nesta quarta-feira, 24, disse que a única solução seria mandá-la a um abrigo. Ela não concordou, a proposta fere sua cultura, de viver em comunidade com os demais indígenas. Segundo ela, a sugestão da prefeitura foi que todos, então, fossem para um abrigo.
Além da violação do direito de morar, a comunidade também sofre com a repressão. Na terça-feira, a Polícia Militar chegou a coagir os indígenas com spray de pimenta, atingido, inclusive, as crianças. Um Boletim de Ocorrência foi registrado, mas com medo, as famílias resolveram retirar a queixa.
Agora, a comunidade continua na resistindo, apoiadas por movimentos sociais, organizações políticas e pelos Direitos Humanos. Moradia é direito e, durante a pandemia, o despejo é ainda mais grave, trazendo mais vulnerabilidade contra a população indígena, já desassistida pelo poder público.