Funcionários terceirizados pela prefeitura de Porto Alegre, contratadas pela SLP Serviços LTDA receberam na manhã de hoje, 12 de junho, a informação de que os salários, que estavam atrasados, começaram a entrar em suas contas. Os cozinheiros e auxiliares de cozinha estavam paralisados, em frente ao Hospital de Pronto Socorro (HPS), quando receberam a notícia. “No início recebíamos no primeiro dia útil, depois no terceiro, depois no quinto e agora sem previsão”, comenta Richele Silva, uma das paralisadas. “Esse ano eu tinha a meta de acertar minhas dívidas, e aí isso me quebrou”, desabafa o colega Anderson.
A reportagem do Repórter Popular de ontem, 11, trouxe a situação de problema com o pagamento e contratos de terceirizadas na região metropolitana, incluindo a mobilização prevista para hoje, em frente ao HPS. Os presentes estavam receosos com seus empregos, mas afirmavam que é uma situação muito difícil: “como é que tu vai pendurar uma outra conta no armazém, se cada dia tu precisa avisar que o salário ainda não foi pago? Teve gente que deixou as compras no mercado porque na hora de pagar, o vale não tinha entrado. É humilhação!”. Evilton Luís Vizeu Candiota, cozinheiro do hospital ainda lamenta os juros de boletos “eu ia pagar com desconto minha faculdade, agora fica bem mais caro. Quem vai cobrir esse valor? Ninguém!”. O auxiliar de cozinha Anderson Oliveira comenta sua estratégia para pagar as contas: “Eu botei todos os boletos pro dia 20 [de junho]. Agora nem dia 20 eu sei se terei o dinheiro.”
No meio da manhã, uma comissão dos paralisados foi à Diretoria do Hospital tentar falar com a diretora Tatiana Razzolini Breyer, acompanhados por Rosa Helena Mendes, do Conselho Distrital do Partenon. Na reunião, a assessoria da diretora se comprometeu a contatar o encarregado da empresa – o contato direto dos empregados com a SLP Serviços LTDA – para que ele informasse a situação correta aos funcionários. “Nós estamos parados porque nos enrolam. Todos os dias falam que dia seguinte vão pagar”, diz Alex Sandro Garibaldi, também paralisado.
Para Graziele Yasmin Oliveira, o problema maior é garantir comida para os dois filhos: “Eu sempre tenho um pote de bolacha em casa, que faz uma semana que está vazio. E como estamos sem creche, meu irmão está ficando com eles para eu trabalhar, mas eu preciso pagar ele também.”
Em torno de 30 minutos depois da comissão ter ido à direção do hospital, foram informados que o dinheiro estava entrando nas contas. Foi um momento de alívio e comemoração “A união faz a força!”, comemoram entre palmas. O que é um direito, o dinheiro pago pelo trabalho feito, passa a ser motivo de felicidade. O alívio acontece embora ainda não tenham recebido o vale alimentação, previsto só para o dia 16 de junho, depois da metade do mês. Imediatamente, os funcionários do plantão do dia voltam a trabalhar, com a certeza de que, se atrasarem novamente os salários, a luta seguirá.