Partindo da premissa de que os três protagonistas são traficantes de bebidas alcoólicas durante a lei seca nos EUA, podemos pressupor que se trata de um filme bastante clichê, cheio de ação e diálogos idiotas, no qual os mocinhos e seus antagonistas estão bem claros e definidos na tela. Errado. Ou, quase. Baseado na história real dos três irmãos, o filme retrata a história dos Bondurant, e que, para entendermos como eles eram retratados no filme e na história em si, basta olhar o pôster do longa, onde está escrito “Brothers, Heroes, Gangters”. Ambiguidade que será mantida e bem trabalhada no filme.
Os infratores é interessante, seu roteiro, embora bem elaborado, é onde o filme tropeça, pois, em alguns casos faltam expressões dos personagens, algo que os aprofunde psicologicamente, que dê tutano emocional a eles. Isso se deve talvez ao fato de as coisas acontecerem muito rápido na narrativa, engolindo cena após cena o espectador, sem ter tempo de digeri-la. Fato este que diminui, mas não a ponto de o filme perder a qualidade com que foi feito, em aspectos como direção, roteiro, direção e arte e fotografia.
A trilha sonora merece ser citada aqui, pois foi muito bem escolhida, com músicas country, nos familiarizando com os personagens e, principalmente, com a cidade onde se desenrola o filme. Ponto esse que combinado com o designe de produção do filme, retratando a época em que o filme é feito em mínimos detalhes e com muita qualidade nas escolhas das locações, onde cito como principais a ponte, onde ocorre talvez a melhor cena do filme e o restaurante onde moravam os irmãos. Este último, palco de uma mese-en-scène interessante (movimentação dos atores em cena), no momento em que Rakes (interpretado muito bem como o afetado policial por Guy Pierce) faz seu primeiro contato com os “caipiras animalescos” irmãos Bondurant (Forrest).
A parte das atuações, já citada acima a de Pierce, saliento a melhor, sem dúvida alguma, para o irmão do meio e líder do bando, Forrest Bondurant (Tom Hardy). Forrest não sorri em nenhum momento, apenas esboça algo que poderia ser um sorriso quando seus irmãos vão visitá-lo após seu irmão Howard ter falhado com ele e Forrest quase ter sido morto.
Enfim, em poucas linhas comento esse filme um tanto subestimado, com um diretor sem muita experiência, mas com talento, vide A estrada, bom filme apocalíptico. O longa ainda conta com a passada de Gary Oldman, sempre bem em cena, como o gangster Floyd Banner.
Rodrigo Mendes