Ocupação resiste contra ordem de despejo em plena pandemia em Joinville

Em plena pandemia, que traz ainda mais vulnerabilidade social às famílias já à margem, a “Justiça” de Joinville concedeu uma ordem de despejo contra oito moradias localizadas no bairro Boehmerwald, zona Sul da cidade.

O juiz notificou as famílias que moram no local e deu um prazo de sete dias para que saíssem das suas moradias. Movimentos sociais e o Centro de Direitos Humanos estão dando suporte por meio jurídico para impedir o despejo durante a pandemia.

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No local, parte das famílias trabalham com reciclagem, lutando por uma vida digna e de qualidade. Algumas pessoas possuem problemas de saúde, são idosos ou, ainda, tem crianças pequenas sob tutela. Ainda assim, o juiz quer que as famílias encontrem outra moradia em uma semana e desocupem o local em plena pandemia da Covid-19.

Além do Estado que trabalha contra a dignidade humana, outras pessoas se aproveitam da vulnerabilidade e da tentativa dessas pessoas de construir uma vida digna. A ordem de despejo veio de uma mulher, dona da metade do terreno onde estão as casas. A outra metade, é da prefeitura. Anteriormente, a mulher cobrava aluguel das famílias por todas os imóveis, inclusive os que não estavam em sua parte legal do terreno.

Ao descobrirem a injustiça, as famílias iniciaram uma greve de aluguel e deixaram de pagar pela moradia. Neste meio tempo, a dona entrou com o pedido de despejo. O juiz, contra as famílias, concedeu a ordem, não só pela para a parte dela do terreno, mas também da prefeitura.

Agora, as famílias planejam barricadas contra o despejo, que deve acontecer cedo na manhã desta segunda-feira, 24. Oito famílias, trabalhadoras, em vulnerabilidade, sem suporte do Estado e ainda, sendo retirados do seu direito a moradia, lutam e resistem por vida digna.

Esta não é a primeira vez que o Estado trabalha contra a população e seu direito a moradia na pandemia. Em março, a prefeitura mandou uma retroescavadeira derrubar uma casa ocupada por indígenas no bairro Fátima. A resistência do povo garantiu a permanência temporária das pessoas no local. A luta ainda continua, mas a batalha foi vencida por meio da força e solidariedade.

Esta é Joinville na pandemia, estes são os juízes, este é o Estado: todos são contra a vida digna da população pobre e trabalhadora. Mas esta, sempre resistiu e continua a resistir.