O TRABALHO E A RENDA O CAPITAL E O LUCRO

Por José de Oliveira Lima, camponês assentado da reforma agrária.

A Agroecologia o trabalho e a renda, o Agronegócio o capital e o lucro.

A agricultura familiar no seu processo de produção, seja ele na “diversidade” ou na “monocultura”, a família não tem “lucro”. A família camponesa constrói “renda” que pode ser menor, igual ou maior que a “despesa”. A renda só  é possível ser igual ou maior que a despesa em modos de produção diversificada e agroecológica. A renda sempre se torna menor que a despesa, quando a agricultura familiar reproduz, o modelo do agronegócio. Os pequenos agricultores que reproduzem o modelo tecnológico do agronegócio, sofrem várias consequências, por que além da renda ser menor que a despesa, o capital explora o trabalho de todos, o capital é quem lucra em todas as atividades(cadeias produtivas no campo), tanto na “produção vegetal” quanto “animal”. Onde as maiores vitimas dessa exploração são as mulheres, crianças e os idosos.

A renda da terra, a sustentabilidade, e a diversidade produtiva, na agricultura familiar, só é possível através de uma “revolução cultural”, econômica e política, dentro da própria família.

A agricultura familiar, não tem lucro, ela constrói uma renda que precisa ser no mínimo igual a despesa. Na diversidade produtiva agroecológica, quando a renda aumenta, aumenta também a despesa. E isso se torna automático, e na prática significa que a família vai melhorando a sua qualidade de vida, principalmente na saúde, saúde da própria família, saúde dos consumidores, e da natureza como um todo. Por que a agroecologia, na diversidade produtiva autossustentável, não se pode usar venenos, adubação química, e muito menos, sementes transgênicas.

Já no agronegócio é justamente o contrario pois o capital para poder lucrar na agricultura ele precisa se apropriar de muita terra, bastante água, muito veneno, muito dinheiro, bastante adubação química, e sementes geneticamente modificadas(transgênicas) resistentes a venenos em suas fábricas produzidos. Além de uma mecanização pesada e caríssima. E para justificar esse modelo da super produção de monocultura para exportação, o capital através do agronegócio, investe na propaganda massiva, de seus produtos pela mídia, através de rádios, jornais, televisão, internet. E principalmente dentro das universidades para formar seus “quadros”. É um modelo de produção insustentável, para os pequenos e médios produtores, por que depende de tudo oque é externo, para poder produzir. Quem lucra com o agronegócio é o capital financeiro, industrial e comercial. Os produtores são apenas consumidores de mercadorias(dinheiro, máquinas, venenos, adubos e sementes). Portanto o agronegócio constrói um lucro falso, fantasma e fraudulento, por que sonega impostos, não paga dividas, e também não paga direitos trabalhistas para seus assalariados. E além disso mata ou expulsa camponeses e indígenas de suas terras.

O capital através do agronegócio não sacia sua fome por dinheiro, e outras mercadorias desnecessárias, para a sustentabilidade da vida. Na agroecologia, dentro da diversidade produtiva, o dinheiro  não pode ser o principal objetivo, o dinheiro torna-se apenas um meio, é apenas uma mercadoria, que só tem um tipo de valor, “o valor” de troca, não tem valor de uso. Na agroecologia toda a diversidade produtiva tem que ser contabilizada como renda, renda não é só dinheiro, quanto maior for a diversidade de produtos, menor se torna a necessidade de dinheiro para adquirir no mercado. A mercadoria dinheiro é uma invenção capitalista, é originaria do capital e não do trabalho.

Comprar e consumir produtos do agronegócio, é ingerir calorias originarias para todas as doenças cancerígenas malignas para a sua saúde e para a sociedade. Compre diretamente de produtores de matriz agroecológica.